Grécia. Credores chegam a Atenas

Grécia. Credores chegam a Atenas


Instabilidade política não deverá afectar trabalhos. Comité Nacional do Syriza reúne segunda-feira.


O governo de Alexis Tsipras deverá receber esta sexta-feira, 24 de Julho, os representantes da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE) em Atenas. Os oficiais do Fundo Monetário Internacional ficam para já de fora destes encontros, uma vez que o país ainda não lhe pediu oficialmente ajuda. No entanto, a Europa já fez saber à Grécia – que num primeiro momento queria o FMI fora das negociações – que um terceiro resgate só acontecerá com a intervenção do Fundo.

“As modalidades e processos para as negociações ainda estão a ser decididos”, afirmou ontem Gery Rice, porta-voz do FMI.

As equipas começarão as negociações detalhadas sobre o programa de assistência financeira, depois de Tsipras ter conseguido aprovar o pacote de austeridade no parlamento. No entanto, a situação política é instável, com parte significativa do Syriza a opor-se ao acordo assinado com os credores.  Para a próxima segunda-feira, dia 27 de Julho, o Comité Nacional do partido agendou uma sessão que tem como ponto único discutir o sentimento do partido depois de 36 deputados terem votado contra o segundo pacote de medidas de austeridade no Parlamento. Na semana anterior, 39 tinham dito não às primeiras medidas colocadas a votação.

Alexis Tsipras também já terá falado com a presidente do Parlamento grego, Zoe Contantopoulous, a quem avisou que a sua constante oposição ao primeiro-ministro causa dificuldades institucionais de governação. No início da semana surgiram rumores de que a ala mais à esquerda do partido poderia mesmo criar uma nova força política para se afastar de Tsipras.

“Grexit está definitivamente fora da equação”

Jean-Claude Juncker afirmou ontem, em entrevista a uma rádio australiana, que enquanto a  Grécia cumprir as regras que lhe foram impostas, a “opção pelo Gréxit está definitvamente fora da equação”.

No entanto, salientou, isso depende também “da capacidade do parlamento grego…para cumprir”, notou o presidente da Comissão Europeia. “Espero que se a Grécia cumprir o que prometeu – que é o o que tem feito – consiga ter, então, um longo período de calmaria”, concluiu o responsável, citado pelo jornal grego Kathimerini.

Depositantes não devem ser chamados a salvar bancos

Entretanto, um membro do Conselho de Governadores do BCE, Christian Noyer, afirmou em entrevista ao Le Monde que seria desejável que se fizesse uma significativa injecção de capital nos bancos gregos antes dos testes a que o BCE os vai submeter em Outubro. Estas provas deverão calcular exactamente quais as necessidades de capital das instituições gregas.

Na mesma ocasião, o responsável afastou a ideia de pedir aos maiores depositantes gregos que salvem os bancos em dificuldads – como aconteceu no Chipre. Até porque, salientou Noyer, na Grécia a maioria das empresas são de pequena e média dimensão.

Os bancos gregos têm perdido milhões de euros em depósitos com o agravar da crise, o que os coloca numa situação de elevada fragilidade. A linha de emergência de liquidez do BCE tem sido fundamental para grande parte das instituições, numa altura em que não previsões  para o levantamente do controlo de capitais no país.