Os dias difíceis do governo de Alexis Tsipras estão longe de estar terminados. Depois de ter conseguido, por duas vezes, fazer passar pacotes de medidas de austeridade no Parlamento grego – mesmo com a forte oposição do Syriza -, agora é hora de começarem as negociações detalhadas com os credores. Amanhã, 24 de Julho, chegam a Atenas as equipas técnicas do Banco Central Europeu, do Fundo Monetário Internacional e da Comissão Europeia, para começar a trabalhar com o Executivo.
No entanto, as divisões que provavelmente vão ditar a necessidade de Atenas ter eleições antecipadas não deverão resolvidas antes de estar fechado um acordo com os credores internacionais. A garantia foi dada pelo Ministro de Estado Nikos Pappas, um dos mais próximos de Alexis Tsipras, em declarações à Reuters. “Infelizmente, a ruptura já foi confirmada, mas acredito que vamos levar a cabo todos os procedimentos que permitirão fechar o acordo, antes, e depois é que olharemos para as questões do partido”.
A falta de apoio por parte do partido preocupa o primeiro-ministro, que precisa do apoio de pelo menos 120 dos 149 deputados para se manter no cargo. Na votação desta madrugada, 36 deputados do Syriza manifestaram-se contra o segundo pacote de medidas de austeridade – menos que na semana passada, quando foram 39.
Tsipras olha também com algum receio para a constante oposição da presidente do Parlamento grego, Zoe Constantopoulous, deputada pelo Syriza. Fontes próximas do primeiro-ministro afirmam que ele manifestou algum desagrado esta quinta-feira, durante uma reunião que teve a presidente do Parlamento. No final do encontro, Constantopoulos disse aos jornalistas que teve uma conversa “honesta e profunda” com Tsipras, escreve o Kathimerini.
Ainda assim, ao Executivo parece estar determinado em cumprir as exigências impostas pela troika de credores, e em ter o programa de assistência financeira pronto até dia 20 de Agosto. É nesse dia que termina o prazo para Atenas reembolsar 3,4 mil milhões ao BCE, referentes a títulos de dívida pública que chegam à maturidade.
No início de Setembro termina o prazo do empréstimo intercalar, de 7,2 mil milhões de euros, que foi libertado esta segunda-feira para que o Executivo grego pudesse fazer face aos vários compromissos financeiros.