A globalização é tramada


Comprar marcas alemãs é comprar produtos feitos em Portugal e noutros sítios. Donde, não os comprar será punir, não só os alemães, mas os portugueses e todos os outros que fabricam esses produtos.


Quando Alexis Tsipras assinou o acordo com os credores, e se percebeu que o Syriza tinha traído o povo grego prometendo-lhe o que não era possível cumprir, foi manifesto o sentimento de revolta. Por cá, como é frequente entre a extrema-esquerda, a rebelião fez-se contra os credores, com a Alemanha à cabeça. Reconhecer o erro seria repensar a vida e isso não é possível entre crentes crédulos. Punir terceiros é mais fácil.

Mas até aqui o tiro falhou o alvo. Entre as várias propostas que ouvi, até por gente dita ilustre, constava o boicote aos produtos alemães: deixemos de comprar BMW, Mercedes e outros bens mais modestos e os alemães vergam-se perante nós. Sucede que há um problema. Aliás, dois.

Primeiro, é difícil obrigar 10 milhões de pessoas a não comprar produtos alemães. Mas, e em segundo, o pior é que estes não existem. Na era em que vivemos há algo que nos protege a todos dos déspotas de sofá: chama-se globalização. Devido a ela, os ditos produtos alemães são fabricados no mundo inteiro; até em Portugal, como se passa na Autoeuropa. 

Comprar marcas alemãs é comprar produtos feitos em Portugal e noutros sítios. Donde, não os comprar será punir, não só os alemães, mas os portugueses e todos os outros que fabricam esses produtos. É destruir, nesses países, postos de trabalho, salários, modos de vida que existem porque os alemães, esses exploradores que poupam e investem, criaram empregos. A esquerda odeia impossíveis. Acontece que os encontramos quando não existe aquilo de que se fala

Advogado. Escreve à quinta-feira

A globalização é tramada


Comprar marcas alemãs é comprar produtos feitos em Portugal e noutros sítios. Donde, não os comprar será punir, não só os alemães, mas os portugueses e todos os outros que fabricam esses produtos.


Quando Alexis Tsipras assinou o acordo com os credores, e se percebeu que o Syriza tinha traído o povo grego prometendo-lhe o que não era possível cumprir, foi manifesto o sentimento de revolta. Por cá, como é frequente entre a extrema-esquerda, a rebelião fez-se contra os credores, com a Alemanha à cabeça. Reconhecer o erro seria repensar a vida e isso não é possível entre crentes crédulos. Punir terceiros é mais fácil.

Mas até aqui o tiro falhou o alvo. Entre as várias propostas que ouvi, até por gente dita ilustre, constava o boicote aos produtos alemães: deixemos de comprar BMW, Mercedes e outros bens mais modestos e os alemães vergam-se perante nós. Sucede que há um problema. Aliás, dois.

Primeiro, é difícil obrigar 10 milhões de pessoas a não comprar produtos alemães. Mas, e em segundo, o pior é que estes não existem. Na era em que vivemos há algo que nos protege a todos dos déspotas de sofá: chama-se globalização. Devido a ela, os ditos produtos alemães são fabricados no mundo inteiro; até em Portugal, como se passa na Autoeuropa. 

Comprar marcas alemãs é comprar produtos feitos em Portugal e noutros sítios. Donde, não os comprar será punir, não só os alemães, mas os portugueses e todos os outros que fabricam esses produtos. É destruir, nesses países, postos de trabalho, salários, modos de vida que existem porque os alemães, esses exploradores que poupam e investem, criaram empregos. A esquerda odeia impossíveis. Acontece que os encontramos quando não existe aquilo de que se fala

Advogado. Escreve à quinta-feira