Tempos de incerteza


Com uma facilidade estonteante vemos quem ontem defendia com arrojada convicção um determinado caminho, a inverter a marcha, a seguir em direcção totalmente contrária.


Vivemos tempos em que a pequenez dos que se dizem grandes e a suposta grandeza dos que nunca deixaram de ser pequenos nos consome o espírito e atormenta o percurso dos dias. Vivemos tempos de incerteza constante, embalados pela falsa solidez de verdades passageiras, preenchidos pela ilusória profundidade de quem só diz o que outros já disseram e de quem comenta as consequências ignorando as causas.

São tempos em que o erro não conhece patrocínio, em que as ideias foram substituídas pelas opiniões eloquentes e momentâneas, e em que a política enquanto sinónimo de princípios e de fins, se transformou em simples meio para que o poder conquistado a qualquer preço não se perca.

Com uma facilidade estonteante vemos quem ontem defendia com arrojada convicção um determinado caminho, a inverter a marcha, a seguir em direcção totalmente contrária, a questionar o que tinha sustentado como certo e até como irremediavelmente infalível. Políticos, analistas, comentadores, fazedores de opinião de toda a espécie e feitio surgem invariavelmente como senhores da verdade do dia, mesmo que essa verdade seja o oposto do que eles próprios anteriormente afirmaram, anteriormente proclamaram, anteriormente consideraram como inabalável e irrecusável. 

E assim vamos conduzidos por protagonistas que desconhecem o que seja assumir falhas e que possuem demasiada presunção para o admitirem. Não nos admiremos pois pela situação a que a Europa chegou, nem lamentemos o estado em que se encontra.

Essa situação é apenas o inevitável resultado de quem governou e governa sem saber governar, de quem nos conduziu e conduz sem saber conduzir, de quem não é mais do que aquilo com que se apresentou e apresenta. E o que apresenta é pouco, muito pouco, para os imensos problemas que nos esperam. Será talvez mais um sinal dos tempos actuais, mas igualmente um imenso desafio para a sustentabilidade das democracias nacionais.

Professor da Faculdade de Direito da Univ. Lusíada
Escreve quinzenalmente à quarta-feira

Tempos de incerteza


Com uma facilidade estonteante vemos quem ontem defendia com arrojada convicção um determinado caminho, a inverter a marcha, a seguir em direcção totalmente contrária.


Vivemos tempos em que a pequenez dos que se dizem grandes e a suposta grandeza dos que nunca deixaram de ser pequenos nos consome o espírito e atormenta o percurso dos dias. Vivemos tempos de incerteza constante, embalados pela falsa solidez de verdades passageiras, preenchidos pela ilusória profundidade de quem só diz o que outros já disseram e de quem comenta as consequências ignorando as causas.

São tempos em que o erro não conhece patrocínio, em que as ideias foram substituídas pelas opiniões eloquentes e momentâneas, e em que a política enquanto sinónimo de princípios e de fins, se transformou em simples meio para que o poder conquistado a qualquer preço não se perca.

Com uma facilidade estonteante vemos quem ontem defendia com arrojada convicção um determinado caminho, a inverter a marcha, a seguir em direcção totalmente contrária, a questionar o que tinha sustentado como certo e até como irremediavelmente infalível. Políticos, analistas, comentadores, fazedores de opinião de toda a espécie e feitio surgem invariavelmente como senhores da verdade do dia, mesmo que essa verdade seja o oposto do que eles próprios anteriormente afirmaram, anteriormente proclamaram, anteriormente consideraram como inabalável e irrecusável. 

E assim vamos conduzidos por protagonistas que desconhecem o que seja assumir falhas e que possuem demasiada presunção para o admitirem. Não nos admiremos pois pela situação a que a Europa chegou, nem lamentemos o estado em que se encontra.

Essa situação é apenas o inevitável resultado de quem governou e governa sem saber governar, de quem nos conduziu e conduz sem saber conduzir, de quem não é mais do que aquilo com que se apresentou e apresenta. E o que apresenta é pouco, muito pouco, para os imensos problemas que nos esperam. Será talvez mais um sinal dos tempos actuais, mas igualmente um imenso desafio para a sustentabilidade das democracias nacionais.

Professor da Faculdade de Direito da Univ. Lusíada
Escreve quinzenalmente à quarta-feira