Grécia. Alemanha decide resgate a Atenas

Grécia. Alemanha decide resgate a Atenas


Presidente do Parlamento Europeu avisa para o perigo de contágio político da crise grega.


Esta sexta-feira o parlamento alemão decide o resgate a Atenas. Devido à proporcionalidade do direito de voto, se o Bundestag chumbar a ajuda à Grécia, o Mecanismo Europeu de Estabilidade fica impossibilitado de a dar. Os olhos estão assim postos em Angela Merkel, no dia de aniversário da chanceler.

O debate sobre o programa de ajustamento a aplicar pelo governo do Syriza já começou em Berlim, com Angela Merkel a utilizar pesadas críticas a Alexis Tsipras, afirmando que não se pode dar tudo a um país que não cumpriu com as suas obrigações. Mas aplaudiu a maioria conseguida pelo primeiro-ministro grego no Parlamento, na passada quarta-feira, quando os deputados votaram – e aprovaram – o pesado pacote de austeridade que a Grécia terá que implementar para ter acesso a mais financiamento.

Mas, referiu ainda a chanceler, um resgate à Grécia "é a única solução. A alternativa é o caos", salientou, notando que o país merece outra oportunidade. E notou que a decisão desta sexta-feira não é somente sobre a Grécia, mas sobre "uma zona euro mais forte".

Mesmo assim, Merkel já aproveitou para elogiar o trabalho "incansável" de Wolfgang Schauble, o seu ministro das Finanças, em todo o processo. Schauble tem sido das vozes mais duras contra Atenas, defendendo uma saída temporária da Grécia da zona euro, por um prazo de cinco anos, para que a economia do país voltasse a recuperar. Uma ideia que seria, no entanto, rejeitada pelos líderes europeus, mas que o responsável alemão continua a tentar vender.

Os deputados alemães deverão votar ainda durante a manhã a ajuda à Grécia, no mesmo dia em que o fazem os parlamentos da Áustria, da Estónia e da Lituânia. Finlândia e Espanha já deram o 'ok' ao resgate a Atenas, esta semana.

Donald Tusk preocupado

O presidente do Parlamento Europeu afirmou esta manhã, dia 17 de Julho, estar preocupado com um eventual contágio político da crise grega. "Para mim, a atmosfera está parecida com a que se sentiu após 1968, na Europa". Esse foi o ano em que as revoltas se sucederam em vários países europeus – revoltas estudantis em França e na Polónia, a Primavera de Praga, na então Checoslováquia e um ambiente generalizado de revolta contra as políticas instaladas.

"O que sinto talvez não seja um ambiente revolucionário, mas algo como uma impaciência que se vai espalhando. Quando a impaciência não é individual mas sim um sentimento colectivo, é o primeiro passo para revoluções", alertou o responsável.