Todos os produtos financeiros mutualistas que têm sido comercializados estão salvaguardados. A garantia é dada pelo Montepio Geral ao i depois de virem a público muitas preocupações de clientes que receiam perder as suas poupanças pelo facto de as aplicações que foram vendidas não beneficiarem do Fundo de Garantia de Depósitos.
Fonte oficial do banco garantiu que, por cada cem euros investidos, a Montepio Geral-Associação Mutualista (MGAM) tem 115,9 euros de activos e tem ainda disponível um Fundo de Reserva Geral que, no final do ano passado, fixava-se nos 248,5 milhões de euros.
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A mesma fonte lembra que o património da Associação Mutualista é constituído, maioritariamente, por depósitos (coberto pelo Fundo de Garantia de Depósitos) e por obrigações de curto prazo (coberto pelo Sistema de Indemnização aos Investidores). “Os produtos com maturidades mais longas possuem uma componente de “equity” mais elevada (designadamente a participação na própria Caixa Económica), mas face ao comportamento do mercado de capitais – PSI20 caiu 28% nos últimos 5 anos -, tem vindo a apresentar remunerações modestas mas, ainda assim, positivas (em torno de 1%)”, salienta.
O banco vai mais longe e recorda a análise feita pela agência de rating Moody’s à situação da Caixa Económica Montepio Geral em Junho que reviu em alta o rating de dívida e de depósitos. “A melhoria do rating reflecte a evolução favorável do perfil de risco de crédito global da CEMG, designadamente ao nível dos seus fundamentais financeiros. A agência de rating deu particular destaque à posição sólida a nível de depósitos, à melhoria do perfil de liquidez, à redução da alavancagem e ao reforço de capital da instituição.”
A gestão de Tomás Correia à frente da instituição tem sido criticada. De acordo com a edição de ontem do “Público”, o Banco de Portugal suspendeu até a concessão de idoneidade a membros da equipa de Tomás Correia para o exercício da actividade em sociedades financeiras do grupo e que terão sido abertos processos de contra-ordenação.
Questionado sobre estas informações, fonte do banco negou a suspensão da concessão de idoneidade e garantiu que “não tem qualquer conhecimento dos processos de contra-ordenação”.
Mas de acordo com o mesmo jornal, que cita um responsável da autoridade liderada por Carlos Costa, está mesmo a ser avaliada pelo BdP a concessão do registo da idoneidade de alguns gestores do grupo mutualista, para que possam desempenhar funções em entidades financeiras participadas. E que a decisão está dependente dos esclarecimentos que vierem a ser dados às questões enviadas a Tomás Correia. Se as conclusões do BdP não forem favoráveis aos visados, estes deixam de poder ter assento em órgãos sociais de sociedades do sector.
Regulador não esclarece Contactado pelo i, o Banco de Portugal não quis prestar qualquer tipo de esclarecimento.
Já em relação aos resultados, os de 2014 continuam ainda por revelar. Em 2013, a Associação Mutualista apresentou prejuízos de 336 milhões de euros. “As contas estão ainda a ser fechadas pelo que não é permitido avançar qualquer indicação que permitisse a alguns agentes económicos terem informação privilegiada”, justificou a fonte da instituição.
Quanto à tomada de posse da nova administração da Caixa Económica, fonte oficial do banco afirma que, tal como está previsto na disposição transitória dos estatutos, existem 90 dias para se assegurar a nomeação de todos os órgãos sociais, nele previstos: Conselho Geral e de Supervisão, Conselho de Administração Executivo, Comité de Riscos, Comissão Avaliação e Nomeação e Revisor Oficial de Contas.
Tudo indica que o grupo Montepio Geral tenha uma nova governação em Agosto, mas os nomes escolhidos terão de receber luz verde do governador do Banco de Portugal. José Félix Morgado, apontado para liderar o banco mutualista, tem pela frente desafios importantes: estabilizar a governação da instituição, recuperar a credibilidade do grupo e repor os níveis de liquidez.
Além do novo presidente executivo para a instituição financeira, o futuro modelo na Caixa Económica prevê a criação de um comité de avaliação independente para propor e avaliar os administradores, para além de comités de risco e de remunerações. Fica igualmente previsto o fim dos cargos por inerência nos órgãos sociais e o reforço dos independentes.