Messi: “Aimar, obrigado por tudo”

Messi: “Aimar, obrigado por tudo”


A enésima declaração de amor de um artista argentino para outro


No início da carreira, um jornalista argentino chama-lhe El Payaso. Não é nada depreciativo, tem mais a ver com a forma divertida como joga. Abençoado por Diego Armando Maradona, em 1998. “De todos aquele que tenho visto, Pablo é o que mais gosto de ver. É o mais desequilibrador.” Payaso fica para sempre.

No River Plate é o maior. Em Valencia também, mas por outras razões – já é um craque global, razão pela qual lida diariamente com 30 jornalistas japoneses. No Saragoça, mais do mesmo. Os japoneses adoram-no. É a cara, o feitio, o talento, tudo num só. Quando Rui Costa o apresenta na Luz, assiste-se à transferência de poderes de 10 para 10. Aimar veste a camisola, está agora na altura de passar ao outro e não ao mesmo. Com 42 assistências e 17 golos em 10 795 minutos espalhados por 167 jogos, desde a estreia a 24 de Agosto de 2008 em Vila do Conde (1-1 vs. Rio Ave), o perfume de Aimar deixa a Luz em 2013. Aventura-se na Málasia e só então regressa à casa de partida. No River Plate, só faz um jogo em sete meses e pendura as chuteiras por iniciativa própria.

Acto contínuo, é uma chuva de elogios sobre o adeus. O primeiro deles é o uruguaio Enzo Francescoli, uma instituição no River (e agora director desportivo). "Não há volta a dar, já mo confirmou. Ele ontem nem quis passar pelo balneário e isso normalmente acontece quando se tomam estas decisões." Mais à frente. "Aimar deu tudo de forma genuína e esta decisão diz muito sobre ele. O Pablo fez todos os possíveis para voltar a jogar mas… É uma pena, porque todos gostaríamos de o ver terminar de outra maneira."

Minutos, longos minutos se passam e chega uma mensagem do ídolo mais importante de Aimar. Não, não é o pai ou o familiar nem sequer um benfiquista dos sete costados. É ele Lionel Messi. "Retira-se um grande, um dos meus ídolos. Pablo Aimar, desejo-te o melhor na tua nova etapa. Obrigado por tudo o que nos fizeste desfrutar com a tua magia." A ligação Messi-Aimar é antiquíssima.

No primeiro jogo entre eles, um Barça-Valencia, o então 35 dos catalães exibe orgulhosamente aos jornalistas a camisola 10 dos valencianos. Segue-se a declaração de amor. "Sempre segui Aimar desde criança, ainda no River Plate. É um jogador que admiro bastante. Gostaria de jogar com o Burrito [Ariel Ortega], mas nada me faria mais feliz que jogar ao lado de Pablito [Aimar]."

Em Outubro de 2012, o Estádio da Luz é o palco para uma outra troca de camisolas, depois de um Benfica-Barcelona (0-2), para a fase de grupos da Liga dos Campeões. Do meio-campo até aos balneários, os dois andam um ao lado do outro em amena cavaqueira. A cena está gravada, existe mesmo. É um mimo. Na zona mista, os jornalistas querem saber outra vez o que pensa Messi de Aimar. "Foi muito bom rever Aimar. Já não estava com ele há algum tempo." Próxima pergunta. "Sim, foi uma enorme alegria, é sempre uma alegria vê-lo e poder jogar com ele." Uyyy, que maravilha.

Último acto. Vá, este é o último. Em Janeiro deste ano, na gala de Zurique, a FIFA faz uma surpresa àquele que seria o vice-Bola de Ouro. É um vídeo de Aimar para Messi. É só elogios, palavras bonitas. E sinceras. Para rematar, uma pergunta bem divertida. "Como é que fazes para seres melhor na vida real do que na Playstation?" Messi esboça um sorriso dos dele, daqueles assim-assim. Palavras para quê, é um artista. O Aimar, claro.