Iker Casillas é o nome mais falado do momento. O guarda-redes espanhol do Real Madrid está em todo o lado. Numa pesquisa feita há dois anos, Iker e Porto casam em notícias de 102 países. Há um alvoroço enorme, daqui à China. Menos no Brasil. O Estadão (de São Paulo) é disso um exemplo: a transferência de Martunis para o Sporting merece meia página, a de Casillas nem uma breve. Cada país, sua sentença. Adiante.
Iker despede-se uma vez do Real. Sozinho. Depois outra. Mal acompanhado, com o presidente Florentino Pérez. Só então recebe guia de marcha. Aterra no Porto e janta com o presidente. Dorme, acorda, visita o museu do clube e viaja para a Holanda, pela TAP. Chega a Amesterdão e apanha um carro para Horst, onde o FCP começa hoje a pré-época a sério, com o primeiro jogo (17h00). É acarinhado por uma série de ilustres figuras portistas, a começar pelo treinador Julen Lopetegui, o primeiro a cumprimentá-lo à porta do hotel. Segue-se o jantar com o plantel, onde volta a ver alguns espanhóis como Andrés Fernández (outro guarda-redes) e Bueno (um dos reforços).
Pelo meio, Casillas diz umas coisas. "Estou contente porque poderei estar agora com os meus companheiros. E treinar que é o que mais quero fazer. Quero voltar a ser futebolista. Quero sentir-me novamente jogador. Quero deixar de ser notícias para ser apenas mais um." Eis o primeiro desafio de Iker.
E o segundo? A mensagem sms enviada a Vítor Baía, a propósito dos comentários dos pais do capitão de Espanha sobre a ida do filho para o Porto. Abre-se aqui um parêntesis para esclarecer que tanto o pai como a mãe não são muito próximos de Casillas desde 2010, ano em que o guarda-redes retira-lhes o negócio de imobiliário por suspeita de enganos, traições e outros que tais. A sms diz isto: "Vítor, boa noite. Espero não incomodar, sou Iker Casillas. Queria desculpar-me pelos comentários que fizeram os meus pais em Espanha. Peço-te milhões de desculpas." Eis o segundo desafio de Iker. Outros se seguirão, como o jogo de sábado, o seu primeiro com a camisola portista.
Até lá, muitos treinos e alguma conversa. Como esta entrevista de Julio Iglesias (sim, esse mesmo, o da mão esquerda na barriga enquanto canta e encanta a plateia) ao jornal generalista espanhol ABC. "É uma vergonha os assobios que recebia este rapaz [Casillas], uma excelente pessoas, quando pisava o relvado do seu clube. Esses assobios eram ouvidos na China, na América, em todo o mundo." Calma, há mais. "O que Iker Casillas tinha que sofrer quando chegava a casa. Fizeram-lhe a vida impossível e é uma injustiça, depois das jornadas de glória que proporcionou à sua equipa e ao futebol espanhol. Iker é credor de um enorme respeito por tudo o que conseguiu. Agora vai defender outro emblema e outra camisola." Sim, Casillas deixa a camisola número 1 do Real Madrid pela 12 do FCP.
