In extremis


Ingenuamente os gregos julgaram que lhes bastava eleger um partido radical como o Syriza para vergar os credores, obtendo o fim da austeridade. Viu-se o resultado.


Onassis dizia que quando um homem deve dinheiro o credor o tem na sua mão. Pelos vistos os gregos ignoraram o aviso deste seu compatriota milionário e enredaram-se numa dívida que a cada dia que passa se torna mais insustentável.

Ingenuamente julgaram, porém, que lhes bastava eleger um partido radical como o Syriza para vergar os credores, obtendo o fim da austeridade. Viu-se o resultado. Por muitos referendos que organize, Tsipras ainda tem menos margem negocial no Eurogrupo que Papandreou ou Samaras, precisamente porque não desperta confiança. E qualquer pessoa sabe que os credores não entregam dinheiro a quem não lhes merece credibilidade.

À última hora Tsipras viu-se assim obrigado a aceitar condições duríssimas para obter um novo resgate. A alternativa seria o Grexit, que até seria bem visto pelos países do Norte da Europa. O mesmo só foi impedido porque os gregos contaram com o apoio de Hollande e as hesitações de Angela Merkel, que não quer ficar na história como a chanceler que permitiu o descalabro da zona euro.

Mas Merkel pode ser rapidamente substituída por Schäuble, que não hesitará em indicar à Grécia a porta de saída. E na sombra estão à esp era Nigel Farage e Marine Le Pen, que verão o Grexit como uma oportunidade de ouro para desmantelar o que ficar da União Europeia. Por agora a Grécia conseguiu mais um balão de oxigénio, mas vamos ver quanto tempo ele dura. A Europa parece um gigante com pés de barro, podendo colapsar a qualquer momento.

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa
Escreve à terça-feira  

In extremis


Ingenuamente os gregos julgaram que lhes bastava eleger um partido radical como o Syriza para vergar os credores, obtendo o fim da austeridade. Viu-se o resultado.


Onassis dizia que quando um homem deve dinheiro o credor o tem na sua mão. Pelos vistos os gregos ignoraram o aviso deste seu compatriota milionário e enredaram-se numa dívida que a cada dia que passa se torna mais insustentável.

Ingenuamente julgaram, porém, que lhes bastava eleger um partido radical como o Syriza para vergar os credores, obtendo o fim da austeridade. Viu-se o resultado. Por muitos referendos que organize, Tsipras ainda tem menos margem negocial no Eurogrupo que Papandreou ou Samaras, precisamente porque não desperta confiança. E qualquer pessoa sabe que os credores não entregam dinheiro a quem não lhes merece credibilidade.

À última hora Tsipras viu-se assim obrigado a aceitar condições duríssimas para obter um novo resgate. A alternativa seria o Grexit, que até seria bem visto pelos países do Norte da Europa. O mesmo só foi impedido porque os gregos contaram com o apoio de Hollande e as hesitações de Angela Merkel, que não quer ficar na história como a chanceler que permitiu o descalabro da zona euro.

Mas Merkel pode ser rapidamente substituída por Schäuble, que não hesitará em indicar à Grécia a porta de saída. E na sombra estão à esp era Nigel Farage e Marine Le Pen, que verão o Grexit como uma oportunidade de ouro para desmantelar o que ficar da União Europeia. Por agora a Grécia conseguiu mais um balão de oxigénio, mas vamos ver quanto tempo ele dura. A Europa parece um gigante com pés de barro, podendo colapsar a qualquer momento.

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa
Escreve à terça-feira