Grécia. Finalmente acordo

Grécia. Finalmente acordo


Ao final de mais de 17 horas de cimeira europeia, ainda não havia qualquer acordo aprovado. Às 6h de Lisboa, Tusk, Tsipras, Merkel e Hollande voltavam a reunir para nova mini-cimeira. Em causa os activos gregos.


Os chefes de Estado e de Governo da zona euro, reunidos em Bruxelas desde domingo à tarde, chegaram esta segunda-feira de manhã a um acordo sobre a Grécia, depois de 17 horas de negociações, anunciou o primeiro-ministro belga.

"Acordo", anunciou Charles Michel na sua conta na rede social twitter.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que os líderes da zona euro alcançaram, por unanimidade, um acordo para oferecer um terceiro plano de ajuda à Grécia, após uma "maratona negocial".

“A cimeira da zona euro alcançou um acordo por unanimidade. Está tudo pronto para um programa de ajuda para a Grécia por via do Mecanismo Europeu de Estabilidade, com importantes reformas e um apoio financeiro”, disse Tusk, através da sua conta na rede social Twitter.

Naquela que será seguramente a mais longa cimeira europeia de sempre, só ao fim de 17 horas de reunião se chegou a um acordo. As reuniões, mini-cimeiras, avanços e recuos prosseguem. Às 7h da manhã em Bruxelas, Donald Tusk, Alexis Tsipras, François Hollande e Angela Merkel voltavam a reunir em separado para negociar um novo valor para as privatizações gregas. Este era só mais um obstáculo de um dia interminável…

Depois de durante o dia se ter chegado a discutir a saída temporária da Grécia do euro, uma ideia da Alemanha que ao longo do domingo chegou a ser bem mais que uma simples ideia, o Eurogrupo acabou por propor uma série de novas medidas e reformas para serem adoptadas pela Grécia, além da austeridade com que Tsipras já se tinha comprometido. A maioria destas medidas e reformas, exigiu o Eurogrupo, terão que ser aprovadas até esta quarta-feira pelo parlamento grego – cuja coligação de governo, note-se, está com crescentes divisões.

Depois de várias horas e mini-cimeiras com encontros entre dois ou três líderes dos principais envolvidos em todo o dossier grego, a Alemanha, alvo da crescente pressão de outros líderes mas também das várias reacções negativas que a sua postura estava a levantar um pouco por todo o mundo, acabou por deixar cair a insistência da inclusão da hipótese do “Grexit” temporário, o que aparentemente desbloquou as negociações – que então já viravam o dia em Bruxelas. Muita imprensa internacional, incluindo alguma alemã, mostrou-se bastante crítica face à intransigência de Schäuble e Merkel.

Mas quando parecia que estava superado o último obstáculo eis que a proposta do Eurogrupo de transferir activos helénicos para um fundo no luxemburgo, que os privatizaria até obter 50 mil milhões de euros, para abater à dívida grega, veio travar as negociações novamente.

 Primeiro, porque as autoridades gregas dizem não ter activos nesse valor, calculando apenas em 17/18 mil milhões os seus activos, depois, porque Atenas recusa perder a soberania dos seus activos. Também a notícia que este fundo luxemburguês pertence a um banco do Estado alemão, banco esse cujo chairman é o próprio Schäuble provavelmente não terá caído bem.

Por fim, foi a resistência de Atenas a ver o FMI participar no terceiro resgate que veio a ser a última barreira – ironicamente, já que o FMI é quem mais tem insistido na necessidade de se reduzir a dívida grega.