A Associação de Professores de Matemática (APM) e a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) estão divididas entre “a confiança e o contentamento num resultado expectável” nos exames nacionais do ensino secundário, e “a surpresa” pela melhoria das notas.
As notas nos exames nacionais do ensino secundário registaram, na generalidade, uma melhoria relativamente ao ano anterior, com destaque para Matemática A que subiu 2,8 valores, passando de média negativa para positiva.
A segunda disciplina com mais provas realizadas passou de negativa a positiva: a média dos mais de 33 mil exames de Matemática A foi de 12 valores, depois de vários anos sem conseguir chegar à positiva. No ano passado, a média foi 9,2 valores e no ano anterior de 9,7.
Para Lurdes Figueiral, presidente da APM o resultado deste ano “faz justiça ao trabalho de alunos e professores” e confirma a adequação e ajustamento do exame ao programa de Matemática, uma vez que a média dos exames está bastante mais próxima da média das classificações internas.
“É um resultado expectável, que nos dá confiança e contentamento”, disse a presidente da APM, lamentando as dúvidas levantadas pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC) face à subida de quase três valores na média de Matemática do 12.º ano em apenas um ano.
Para Lurdes Figueiral são os “exames desajustados” dos anos anteriores, e não o deste ano, o problema e a justificação para uma diferença tão significativa nos resultados médios.
“Considero estranho que quando denunciámos, há dois anos, que os exames eram desajustados não houve qualquer preocupação. Parece que o senhor ministro se preocupa com o bom resultado dos alunos. Tenho pena de não o ter visto preocupado com os resultados do 3.º ciclo, porque, aí sim, devia ter mandado avaliar o tipo de apoio que lhes está a ser prestado. Não é vir agora desprestigiar e pôr em causa o bom desempenho dos alunos do secundário”, disse.
A presidente da APM acusou ainda Nuno Crato de querer passar a ideia de que “os alunos não sabem nada de Matemática, o que não é verdade”.
“Isto só vem provar que os exames são um instrumento de avaliação muito pouco rigoroso, porque faz-se com os exames aquilo que se quer, consegue-se com os exames os resultados que se quer obter. Talvez o senhor ministro não tenha conseguido obter os resultados que queria”, criticou.
Pelo lado da SPM, o presidente Fernando Costa limitou-se a dizer, sobre as dúvidas do ministério, que “se o ministro tem alguma dúvida, deverá mandar avaliar”.
Fernando Costa admitiu que esta subida média de exame é “um resultado inesperado”, não sendo “expectável uma diferença de três valores”, mesmo reconhecendo que a prova deste ano era mais simples, com alterações estruturais e na distribuição da pontuação pelos diferentes tópicos que favorecia notas mais altas.
Dois dos tópicos mais difíceis da matéria do ensino secundário – trigonometria e números complexos – e que no ano anterior valiam cerca de seis valores na prova, este ano valiam quatro valores, ajudando a subir as notas dos alunos médios.
A SPM referiu ainda como justificação a ausência de perguntas que permitam distinguir os melhores alunos, sublinhando que nos resultados deste ano a percentagem de alunos que atingiu resultados de excelência – acima de 17 valores – subiu bastante.
O MEC quer que sejam analisados os resultados nos exames nacionais realizados pelos alunos do secundário para garantir que este ano se manteve o grau de exigência.
Lusa