Nas quatro páginas que compõem as medidas propostas pelo Eurogrupo para recomeçar as negociações com Atenas sobre um terceiro resgate, há várias em que os ministros das Finanças do euro não chegaram a acordo, deixando para os seus governantes a discussão final.
Uma das medidas em que não houve acordo foi precisamente a ideia de Wolfgang Schäuble de abrir a hipótese de uma saída temporária da Grécia da moeda única. Esta ideia, que inicialmente era um mero rumor que nem o governo alemão comentava, é agora uma hipótese real: caso os líderes do euro aceitem, abre-se a porta para que a continuação do actual bloqueio resulte na expulsão de Atenas do euro.
{relacionados}
Mas há outras medidas que ficaram por decidir, como a exigência do Eurogrupo para o governo do Syriza anular algumas das medidas com que avançou na Grécia nos últimos meses.
Uma outra em que não foi possível obter um acordo foi num "pormenor" relativo às privatizações e aos activos públicos dos contribuintes gregos: parte do Eurogrupo considera que um total de activos avaliados em 50 mil milhões de euros deve ser transferido para o Luxemburgo, para ser este a decidir o destino dos mesmos.
"Valiosos activos gregos de 50 mil milhões devem ser transferidos para uma entidade externa já existente, como o Instituto para o Crescimento do Luxemburgo, para serem privatizados ao longo do tempo e reduzir a dívida grega. Este fundo será gerido pelas autoridades gregas mas com a supervisão das instituições europeias relevantes", refere a proposta.
Este ponto foi muito criticado por alguns dos ministros presentes no Eurogrupo já que no fundo implica uma enorme perda de soberania.