Por vezes passamos anos sem regressar aos locais onde fomos felizes. Há a ideia enviesada de que não devemos tentar reviver a felicidade e, a forma mais asséptica de o garantir, é nem sequer nos aproximarmos do palco dessa felicidade de outros tempos. Como se quiséssemos congelar esse momento para que ele nunca nos traia a memória. E então seguimos caminho.
Alguns desses sítios acabam por se perder na memória. E com eles perde-se também a tal felicidade que lhes estava associada. Outros vão ficando, lá no fundo do baú sentimental. E passam os dias, os meses, os anos. E temos uma certa nostalgia aveludada sempre que pensamos nesses locais. Mas quando, ou se, a vida por alguma razão nos faz embater de frente com essas memórias, concluímos que não estão assim tão no fundo do baú. E que ainda mexem connosco.
Esta semana regressei ao Colégio Moderno, local onde entrei pela primeira vez com quatro anos para apenas sair aos 17. Passaram-se quase duas décadas. Muitos dias, meses, anos. Mas o calendário nunca é suficientemente longo para apagar um porto seguro. Voltar ali foi voltar ao tempo dos afectos, às primeiras amizades, aos primeiros amores. Ao tempo em que somos ainda Principezinhos e em que a raposa nos ensina que nada é mais importante que cuidar da nossa rosa.