A proposta de um pacote de austeridade de 13 mil milhões de euros elaborada pelo governo grego para propor aos credores europeus foi esta madrugada aprovada pelos deputados gregos com 250 votos a favor em 300 possíveis. Mas mais do que a aprovação da proposta – que com o apoio da Nova Democracia, maior partido da oposição, era praticamente certa – ficaram os sinais de descontentamento na coligação liderada por Alexis Tsipras.
No discurso ao parlamento, anterior à votação, Alexis Tsipras reconheceu que o pacote proposto, que inclui aumento de impostos ou cortes nos suplementos às reformas mais baixas, choca com o programa com que foi eleito mas lembrou que estas medidas evitarão a saída forçada da Grécia da moeda única, irão ajudar a economia e levar a um alívio dos níveis da dívida pública do país.
Apesar do lado positivo salientado por Tsipras, dois deputados do Syriza votaram contra a proposta, tendo outros oito preferido a abstenção e sete nem sequer marcado presença – o que acaba por "isentá-los" de serem vistos, pelo menos directamente, como em oposição ao líder do governo. O Syriza conta com 149 deputados e os Gregos Independentes, parceiros na coligação, com mais 13, para um total de 162 lugares.
Entre as abstenções, destaque para dois ministros do governo, incluindo o ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, além da presidente do parlamento.
Com a aprovação parlamentar, Alexis Tsipras e Euclid Tsakalotos, ministro das Finanças grego, irão começar já este sábado a negociar a proposta com os responsáveis europeus, primeiro a nível do eurogrupo, que reúne os ministros das Finanças da moeda única, depois com os líderes dos países.
Apesar deste pacote de austeridade ser superior ao que chegou a estar em discussão com os credores europeus, o facto de agora se tratar de um terceiro resgate e de dimensões superiores aos valores que antes se discutiam – já que até ao final de Junho ainda se negociava uma extensão do resgate anterior – não torna certo que Atenas e Bruxelas cheguem a um acordo. Ainda para mais quando a Alemanha e a maioria dos países a Norte continuam de pé atrás em relação à continuação da Grécia na moeda única.
No final da votação, e com 250 votos a favor em 300 possíveis, Tsipras agradeceu o "forte mandato" que os deputados deram ao governo "para concluir as negociações para um acordo viável. É a nossa prioridade actual e trataremos do resto depois." Além do discurso, depois da votação também começaram os rumores e o levantamento de questões sobre a necessidade de uma reformulação do governo.