Eurogrupo termina sem acordo, retoma domingo. Em que ponto estamos?

Eurogrupo termina sem acordo, retoma domingo. Em que ponto estamos?


Berlim quer saída da Grécia do euro, França não. FMI pede alívio à dívida que Berlim não aceita e Itália pede aos alemães que deixem de humilhar os gregos. Direita nacionalista e anti-UE da Finlândia ameaça deitar abaixo governo se aceitar resgate


Nem comunicado, nem conferência e muito poucos comentários à saída da reunião do Eurogrupo deste sábado. Ao fim de mais de oito horas de reunião, os ministros das Finanças da moeda única não chegaram a qualquer acordo, tendo antes visto alguns ministros a extremar ainda mais a posição em relação à Grécia – irritando outros. Este domingo, às 10h, voltam todos a reunir.

“Suspendemos a nossa reunião e continuaremos amanhã (domingo) às 11h00 (10h00 em Lisboa). Tivemos uma discussão aprofundada sobre as propostas gregas, a questão da credibilidade e confiança, e discutimos também, claro, as questões financeiras envolvidas. Mas não concluímos as nossas discussões, pelo que continuaremos às 11h00. Ainda é muito difícil, mas há trabalho ainda em progresso, é tudo o que posso dizer”, comentou Jeroen Dijsselbloem à saída do Eurogrupo.

Os contra. A Alemanha, ao longo da reunião, manteve a intransigência promovida por Schäuble, ministro de Merkel, que ao longo do dia até viu um seu estudo ser divulgado em Bruxelas, onde defendia a expulsão temporária da Grécia da moeda única – pelo menos cinco anos.

Mas veio de Helsínquia a posição mais "schäubliana que Schäuble" do dia: a direita nacionalista e anti-europa da Finlândia ameaçou deitar abaixo o governo caso este volte para o país com um novo resgate para aprovar no parlamento. Os "Verdadeiros Finlandeses" – agora com um novo nome, o "Partido dos Finlandeses" – conseguiram 17% dos votos nas últimas eleições e foram chamados ao governo em Maio.

Já antes a Alemanha também tinha mantido a sua posição de intransigência quase absoluta, dando crescente razão ao ataque feito por Yanis Varoufakis, ex-ministro grego, que acusou o ministro alemão de preferir a expulsão da Grécia do euro para reforçar a sua posição dentro da União Europeia – reduzindo o peso de Paris, aliados da Grécia, com a derrota política.

Irritações. Esta posição alemã, contudo, já está a levar alguns países a perderem a compustura. Atenas já se comprometeu com um pacote de austeridade que adopta a quase toda a linha os desejos dos credores pedindo apenas a inclusão de medidas para o alívio da sua dívida – já que a maioria das instituições já confirmou que sem uma redução da dívida jamais a Grécia conseguirá sair do buraco, independentemente da dimensão dos pacotes de austeridade. Mas Berlim não cede.

A intransigência alemã já irritou porém os italianos. Segundo os meios italianos, este domingo, aquando da reunião dos líderes dos países da moeda única, Matteo Renzi não vai esconder a irritação que a inflexibilidade alemã está a provocar. Segundo avança o editor italiano do "Guardian", para Renzi a humilhação dos gregos já ultrapassou todos os limites e é preciso terminar de vez com a crise e com a humilhação.

Ao longo da reunião de sábado já os credores tinham exigido ainda mais medidas a Atenas, além dos 13 mil milhões de euros propostos por Tsipras, tendo sido noticiado que o governo helénico aceitou as exigências. Mas nem assim conseguiram o acordo. "Está mais que visto que alguns países, por razões não relacionadas com as reformas ou as medidas, não querem um acordo", comentou uma fonte do governo grego que acompanhou o eurogrupo. Ou, pondo de outra forma:

 

Além da retoma dos trabalhos do Eurogrupo, este domingo haverá ainda a reunião dos líderes de governo dos países do euro às 16h00 locais (15h00 em Lisboa). A esta segue-se a reunião dos líderes dos 28 países da União europeia às 18h00 (17h00 em Lisboa).

[actualizado às 00h16]