O Eurogrupo discute este sábado o pedido para um novo resgate apresentado pela Grécia, agora ao abrigo do Mecanismo Europeu de Estabilidade. Além do pedido de resgate, na mesa está também o conjunto de medidas propostas pelo governo grego, assim como a opinião das instituições europeias e do FMI sobre os riscos e benefícios do programa e a possibilidade de se avançar com um alívio da dívida pública grega.
À chegada ao Eurogrupo, as diferentes opiniões manifestadas pelos ministros e responsáveis europeus evidenciaram que há ainda uma enorme divisão a superar. Por um lado, Pierre Moscovici, comissário europeu da Economia, considerou que o governo grego "deu passos importantes" na proposta apresentada, estimando por isso que seja possível chegar-se a um acordo.
Outro comissário europeu, Valdis Dombrovskis, alinhou também por um tom positivo: "A proposta está em linha com o que as instituições queriam antes do referendo."
Já do ponto de vista irlandês, Michael Noonan referiu que teria sido melhor que tudo isto tivesse acontecido logo em Fevereiro. "Registaram-se muitos danos desde então", apontou. Sobre a proposta, o ministro salientou que há vários "aspectos sobre os quais preciso de mais informação", apontando como exemplo o facto "de nada referir sobre a banca grega".
Chegou de França o tom mais conciliatório de todos. Emmanuel Macron, ministro da Economia, deu este sábado uma entrevista ao "Die Welt" explicando que apesar das resistências do governo alemão a uma reestruturação da dívida grega esta tem mesmo que avançar. "É necessário reduzir o fardo da dívida para que a economia grega não afunde sem retorno", salientou.
Já à entrada para o Eurogrupo, Michel Sapin, ministro das Finanças francês, elogiou a coragem de Tsipras em avançar com um plano tão austero depois de ser eleito com um programa antiausteridade. "O Eurogrupo precisa de mostrar que, havendo confiança, somos capazes de apoiar a Grécia." A França tem sido o maior (único?) aliado grego em todo este processo.
Mas há depois os países da linha mais inflexível com a Grécia, liderados por Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças alemão, mas onde se inclui a Áustria, Finlândia ou a Holanda. Schelling, ministro austríaco, disse à entrada para o Eurogrupo que apesar da proposta ter sido "uma surpresa positiva", faltam-lhe "garantias que as reformas serão implementadas", avaliando o resgate que será discutido em 72 mil milhões de euros.
Já o homólogo holandês fez uma análise menos positiva, considerando o plano grego "mais fraco do que devia", disse Eric Wiebes. "Muitos governos, incluindo o meu, estão muito preocupados com a implementação das reformas. O plano é mais fraco do que devia em algumas áreas."
"Não estamos prontos para aceitar cálculos que não são credíveis", atirou por seu turno Wolfgang Schäuble, o alemão que Yanis Varoufakis, ex-ministro grego, acusou esta sexta-feira de estar a fazer tudo para expulsar a Grécia do euro. À chegada ao Eurogrupo, o ministro das Finanças alemão sublinhou mesmo que "as negociações vão ser extremamente difíceis" e que Berlim considera que "pelos tratados europeus não é possível avançar com qualquer alívio à dívida" grega.
A este conjunto de países junta-se Jeroen Dijsselbloem, o holandês líder do Eurogrupo: "Vai ser muito difícil confiar nos gregos", disse à entrada da reunião. "Vai ser uma reunião muito difícil. Há muitas críticas às propostas, tanto às orçamentais como às reformas", apontou, falando depois da questão da confiança: "Poderemos confiar no governo grego?"
É com base na opinião do BCE, CE e FMI sobre o programa grego que os ministros da moeda única vão discutir se há bases suficientes para iniciar uma negociação formal com Atenas. Já este domingo haverá reunião dos líderes da zona euro e depois dos líderes de toda a União Europeia.