Um país que não percebe a riqueza que tem


Gastamos todos os anos milhões de euros no combate aos incêndios, sendo a fatia da prevenção incomparavelmente menor. Portugal tem poucos recursos, mas aceita passivamente aos dias em que se queima uma das suas principais riquezas. 


Voltaram os dias quentes e chegam os incêndios. Olhamos para o calendário e chegamos ao verão com esta que parece ser uma inevitabilidade, mas não é.

O inverno continua a ser pouco aproveitado para limpar e organizar a floresta, que nos seus produtos significa uma bela fatia de 4% do PIB e 10% das exportações diretas e 14% das exportações industriais, empregando mais de 235 mil pessoas. Gastamos todos os anos milhões de euros no combate aos incêndios, sendo a fatia da prevenção incomparavelmente menor. Portugal tem poucos recursos, mas aceita passivamente aos dias em que se queima uma das suas principais riquezas. Porque é que não percebemos isto? Porque é que este tema nunca se tornou uma causa nacional numa verdadeira e decidida cruzada por um Portugal sem fogos?

Já percebemos que este vai ser um ano difícil em que todo o sistema de combate será pequeno, para os desafios de apagar fogos num sitio onde há demasiados incendiários, onde o crime de fogo posto é escandalosamente tolerado socialmente, onde a maior parte dos que defendem a floresta são praticamente voluntários, embora treinados e formados, dentro do tempo que sobra de um tradicional trabalho de um dia todo, longe dos quartéis, onde as casas de guardas florestais e os seus velhos cantões estão abandonados, onde há uma taxa de desemprego que poderia animar a criação de um pioneiro programa para devolver a vigilância de proximidade às nossas matas. Já foi assim e funcionava, mas o tempo passou…

Foram dados alguns passos na profissionalização com a criação de uma das melhores unidades do mundo na primeira intervenção, o Grupo de proteção e Socorro da GNR e as forças de bombeiros (canarinhos). Foi um processo que apenas começou e tem tido uma continuidade demasiado mitigada. Os bombeiros estão efetivamente treinados e preparados, mas faltam os verdadeiros guardiões da floresta, que vivam com ela todo o ano.

Jornalista RTP
Coordenador Jornal 2 – RTP2
Escreve à sexta-feira

Um país que não percebe a riqueza que tem


Gastamos todos os anos milhões de euros no combate aos incêndios, sendo a fatia da prevenção incomparavelmente menor. Portugal tem poucos recursos, mas aceita passivamente aos dias em que se queima uma das suas principais riquezas. 


Voltaram os dias quentes e chegam os incêndios. Olhamos para o calendário e chegamos ao verão com esta que parece ser uma inevitabilidade, mas não é.

O inverno continua a ser pouco aproveitado para limpar e organizar a floresta, que nos seus produtos significa uma bela fatia de 4% do PIB e 10% das exportações diretas e 14% das exportações industriais, empregando mais de 235 mil pessoas. Gastamos todos os anos milhões de euros no combate aos incêndios, sendo a fatia da prevenção incomparavelmente menor. Portugal tem poucos recursos, mas aceita passivamente aos dias em que se queima uma das suas principais riquezas. Porque é que não percebemos isto? Porque é que este tema nunca se tornou uma causa nacional numa verdadeira e decidida cruzada por um Portugal sem fogos?

Já percebemos que este vai ser um ano difícil em que todo o sistema de combate será pequeno, para os desafios de apagar fogos num sitio onde há demasiados incendiários, onde o crime de fogo posto é escandalosamente tolerado socialmente, onde a maior parte dos que defendem a floresta são praticamente voluntários, embora treinados e formados, dentro do tempo que sobra de um tradicional trabalho de um dia todo, longe dos quartéis, onde as casas de guardas florestais e os seus velhos cantões estão abandonados, onde há uma taxa de desemprego que poderia animar a criação de um pioneiro programa para devolver a vigilância de proximidade às nossas matas. Já foi assim e funcionava, mas o tempo passou…

Foram dados alguns passos na profissionalização com a criação de uma das melhores unidades do mundo na primeira intervenção, o Grupo de proteção e Socorro da GNR e as forças de bombeiros (canarinhos). Foi um processo que apenas começou e tem tido uma continuidade demasiado mitigada. Os bombeiros estão efetivamente treinados e preparados, mas faltam os verdadeiros guardiões da floresta, que vivam com ela todo o ano.

Jornalista RTP
Coordenador Jornal 2 – RTP2
Escreve à sexta-feira