Presencialismo


Somos ricos ou pobres em função do Mercedes CLK ou do Fiat Punto que estacionamos à porta dos vizinhos. O que (não) temos na conta bancária ou fazemos em ações comunitárias, não conta para nada.


A OCDE organizou um ranking de horas de trabalho anuais, que mostra que os portugueses trabalham 1.857 horas por ano, mais 486 horas que os alemães. Conjugando isto com a observação empírica, ficamos a saber que o tempo que os portugueses passam nos escritórios não se traduz proporcionalmente em produtividade. Há, entre nós, uma tradição antiga de viver para a forma e não para o conteúdo. Ainda hoje, aferimos o status social e económico, uns dos outros, pelos carros em que andamos.

Somos ricos ou pobres em função do Mercedes CLK ou do Fiat Punto que estacionamos à porta dos vizinhos. O que (não) temos na conta bancária ou fazemos em ações comunitárias, não conta para nada. O mesmo se passa com as horas em que, sentadinhos no nosso lugar, fingimos trabalhar. Entre a pausa para o café, um refresh no Facebook, atender o telefone à namorada com saudades e um almoço prolongado, um português passa longas horas desterrado no seu próprio local de trabalho, praticando a arte do presencialismo (julgar-se relevante porque está lá).

Mas descontando estes intervalos, quanto tempo é que estamos focados no que temos para fazer, organizando soluções para os problemas da empresa ou reunindo com os seus colaboradores, clientes e fornecedores? A falta de foco e de concentração com que fazemos as coisas, impedem-nos de optar por uma postura minimalista na vida professional – menos horas no local de trabalho, mais tempo para a nossa vida pessoal.

Pelo mundo fora, mais e mais pessoas estão a optar pelo remote work, trabalhando a partir de casa e aumentando a sua qualidade de vida, mas comprometidas com a produtividade empresarial. Imaginam quantas horas no trânsito, combustíveis, gastos em restaurantes e conversas inúteis se podem poupar (e converter em mais tempo livre), se mais pessoas trabalharem produtivamente a partir de casa?. 

Escreve à sexta-feira

Presencialismo


Somos ricos ou pobres em função do Mercedes CLK ou do Fiat Punto que estacionamos à porta dos vizinhos. O que (não) temos na conta bancária ou fazemos em ações comunitárias, não conta para nada.


A OCDE organizou um ranking de horas de trabalho anuais, que mostra que os portugueses trabalham 1.857 horas por ano, mais 486 horas que os alemães. Conjugando isto com a observação empírica, ficamos a saber que o tempo que os portugueses passam nos escritórios não se traduz proporcionalmente em produtividade. Há, entre nós, uma tradição antiga de viver para a forma e não para o conteúdo. Ainda hoje, aferimos o status social e económico, uns dos outros, pelos carros em que andamos.

Somos ricos ou pobres em função do Mercedes CLK ou do Fiat Punto que estacionamos à porta dos vizinhos. O que (não) temos na conta bancária ou fazemos em ações comunitárias, não conta para nada. O mesmo se passa com as horas em que, sentadinhos no nosso lugar, fingimos trabalhar. Entre a pausa para o café, um refresh no Facebook, atender o telefone à namorada com saudades e um almoço prolongado, um português passa longas horas desterrado no seu próprio local de trabalho, praticando a arte do presencialismo (julgar-se relevante porque está lá).

Mas descontando estes intervalos, quanto tempo é que estamos focados no que temos para fazer, organizando soluções para os problemas da empresa ou reunindo com os seus colaboradores, clientes e fornecedores? A falta de foco e de concentração com que fazemos as coisas, impedem-nos de optar por uma postura minimalista na vida professional – menos horas no local de trabalho, mais tempo para a nossa vida pessoal.

Pelo mundo fora, mais e mais pessoas estão a optar pelo remote work, trabalhando a partir de casa e aumentando a sua qualidade de vida, mas comprometidas com a produtividade empresarial. Imaginam quantas horas no trânsito, combustíveis, gastos em restaurantes e conversas inúteis se podem poupar (e converter em mais tempo livre), se mais pessoas trabalharem produtivamente a partir de casa?. 

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