A loja das insolvências


Consumismo é consumismo. Pode quando muito mudar o idioma e o limite para levantamentos no multibanco.


O tema não será tão sexy como a Grécia ou a chegada do Casillas. Conta o Dinheiro Vivo que abriu no Porto a «Loja das Insolvências». Podem encontrar-se escovas dos dentes a 20 cêntimos, capacetes de mota a 20 euros e máquinas de lavar a metade do preço. Produtos comprados em processos de insolvência, especialmente na Alemanha (sim, na Alemanha também há insolvências), que os donos do negócio explicam ser mercadoria com “muita qualidade”.

Consta que, entre perfumes, sapatos, têxteis e electrodomésticos, a loja está frequentemente cheia e que os clientes acabam sempre por comprar qualquer coisa, naquele espírito todo ele muito português de procura da «oportunidade». Sobretudo se for «única» e mais ainda se for «a última». 

Pode custar a admitir, mas da imagem de gente que se acotovela para apanhar uma pechincha no cesto das promoções ao cenário dos bares, esplanadas e restaurantes de Atenas descontraidamente cheios (na mesma semana em que fecharam os bancos) não vai uma distância assim tão grande. Consumismo é consumismo. Pode quando muito mudar o idioma e o limite para levantamentos no multibanco. Conviria às vezes utilizar o sentido de perspectiva, até para se perceber que 60 euros/dia são 1800/mês, quase o dobro do ordenado médio em Portugal.

Uma coisa é a Grécia, claro. Outra é a ausência de bom senso, por circunstancial que seja, e o mau resultado que ela pode dar. É aborrecido falar nisto quando a venda de automóveis cresce acima dos 30% e os hotéis do Algarve estão lotados durante todo o Verão, mas alguns excessos de confiança são susceptíveis de pôr em causa o negócio da «Loja das Insolvências». Não por falta de insolvências. Antes por falta de clientes.

Escreve à quinta-feira

A loja das insolvências


Consumismo é consumismo. Pode quando muito mudar o idioma e o limite para levantamentos no multibanco.


O tema não será tão sexy como a Grécia ou a chegada do Casillas. Conta o Dinheiro Vivo que abriu no Porto a «Loja das Insolvências». Podem encontrar-se escovas dos dentes a 20 cêntimos, capacetes de mota a 20 euros e máquinas de lavar a metade do preço. Produtos comprados em processos de insolvência, especialmente na Alemanha (sim, na Alemanha também há insolvências), que os donos do negócio explicam ser mercadoria com “muita qualidade”.

Consta que, entre perfumes, sapatos, têxteis e electrodomésticos, a loja está frequentemente cheia e que os clientes acabam sempre por comprar qualquer coisa, naquele espírito todo ele muito português de procura da «oportunidade». Sobretudo se for «única» e mais ainda se for «a última». 

Pode custar a admitir, mas da imagem de gente que se acotovela para apanhar uma pechincha no cesto das promoções ao cenário dos bares, esplanadas e restaurantes de Atenas descontraidamente cheios (na mesma semana em que fecharam os bancos) não vai uma distância assim tão grande. Consumismo é consumismo. Pode quando muito mudar o idioma e o limite para levantamentos no multibanco. Conviria às vezes utilizar o sentido de perspectiva, até para se perceber que 60 euros/dia são 1800/mês, quase o dobro do ordenado médio em Portugal.

Uma coisa é a Grécia, claro. Outra é a ausência de bom senso, por circunstancial que seja, e o mau resultado que ela pode dar. É aborrecido falar nisto quando a venda de automóveis cresce acima dos 30% e os hotéis do Algarve estão lotados durante todo o Verão, mas alguns excessos de confiança são susceptíveis de pôr em causa o negócio da «Loja das Insolvências». Não por falta de insolvências. Antes por falta de clientes.

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