A Câmara de Vila Real de Santo António anunciou esta quarta-feira que vai candidatar o centro pombalino e a vila de Cacela Velha à Lista Indicativa do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
A candidatura vai ser feita a convite da própria UNESCO, adiantou a autarquia num comunicado, sublinhando que irá “nas próximas semanas” constituir uma comissão técnica com representantes de associações, entidades públicas e privadas, comerciantes e população para acompanhar o processo.
A candidatura considera o facto de o núcleo histórico “constituir, na atualidade, um dos melhores exemplos da arquitetura e do urbanismo do século XVIII”, adiantou o município algarvio, um dos 16 do distrito de Faro.
A nota sublinha que Vila Real de Santo António foi construída por ordem do marquês de Pombal, entre 1774 e 1776, no reinado de D. José I, como “uma cidade fábrica, fundada de raiz nos ideais iluministas, cuja importância está identificada e preservada no Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Pombalino de Vila Real de Santo António”.
A Câmara explicou que, no caso de Cacela Velha, localidade que remonta à presença árabe na Península Ibérica e situada no litoral algarvio, no extremo nascente da ria Formosa, “a candidatura tem em consideração a singularidade e o grau de preservação do seu núcleo histórico”, classificado como Imóvel de Interesse Público por um decreto de 1996.
A candidatura de Cacela Velha vai também considerar, acrescentou o município, “a riqueza e antiguidade dos achados arqueológicos, a sua localização e enquadramento paisagístico, bem como a existência de um projecto consolidado de investigação histórica e arqueológica com mais de 15 anos”.
Citado no comunicado, o presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, Luís Gomes, considerou que tanto a paisagem urbana de Vila Real de Santo António como a paisagem histórica e natural de Cacela Velha “apresentam um elevado nível de autenticidade e de investigação, correspondendo aos critérios definidos pela UNESCO no que se refere à Convenção para a Proteção do Património Mundial”.
O centro histórico pombalino nasceu, à semelhança da baixa pombalina de Lisboa, após o terramoto de 1755, que devastou o povoado que existia na margem portuguesa da foz do rio Guadiana.
A edificação da cidade, por indicação do regente marquês de Pombal, “teve por base o conceito de racionalização geométrica, tendo todas as dimensões e formas do seu traçado ortogonal sido definidas proporcionalmente, desde a métrica das ruas aos quarteirões, lotes, edificações e vãos de portas e tipos de edifícios”, referiu ainda a autarquia.
Lusa