Referendo.  Sondagens apontam para indecisão até à contagem do último voto

Referendo. Sondagens apontam para indecisão até à contagem do último voto


Declarações do ministro da Defesa depois de reunião com Tsipras abrem polémica. 


A publicação de várias sondagens ao longo do dia de ontem, último em que estas podiam ser divulgadas, não resolveu a grande dúvida à entrada para a contagem final até ao arranque do referendo:quem está em vantagem?O“Nai” ou o “Oxi”?Apenas uma coisa ficou evidente com tantas sondagens:o resultado vai ser equilibrado e a vitória, seja para quem for, não será por muito. Com uma expectativa de uma participação de cerca de 80% a 85% dos 9,8 milhões de eleitores gregos, estima-se que existam ainda cerca de 10-15% de indecisos que, a votarem, farão pender a balança para qualquer um dos lados.

As previsões de um resultado equilibrado no referendo de amanhã talvez tenham influenciado o discurso de ontem de Alexis Tsipras. Oprimeiro-ministro grego apostou em deixar alguns apelos à união dos gregos ao longo do discurso que fez aos que se manifestavam a favor do “Não”. “Aconteça o que acontecer, seremos todos vencedores”, apontou o governante. “Aconteça o que acontecer, tudo isto é a celebração da democracia. Os gregos vão decidir por si.”

Campanha e discursos Tsipras não se conteve porém no apelo ao voto no “Não”, repetindo novamente a ideia que é a única forma de se colocar um travão aos ímpetos autoritários vindos dos líderes da zona euro. “Não vamos deixar a Europa nas mãos daqueles que querem expurgá-la da sua tradição democrática.”

Já do outro lado da barricada, também numa manifestação em Atenas, mas agora de apelo ao voto no “Sim”, coube ao presidente da câmara da cidade tomar a palavra. E de união nada teve o discurso. Depois de na quinta-feira Giorgos Kaminis ter apostado num tom conciliatório e de união entre os gregos, ontem apostou em lançar fortes ataques ao Syriza, a quem acusou de ter mentido ao povo grego. 

Em causa as declarações de Yanis Varoufakis, ministro das Finanças grego, que de manhã referiu que continuavam a decorrer negociações entre Atenas e Bruxelas e que um futuro acordo até estava mais próximo. Jeroen Dijsselbloem, líder do Eurogrupo, veio de imediato negar que houvesse qualquer tipo de contactos a decorrer entre as partes – ontem soube-se também que os países do euro tentaram impedir o FMIde publicar o relatório de quinta-feira sobre a sustentabilidade da dívida grega (ver texto ao lado). Em sentido oposto veio Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, que desmentiu totalmente as posições tomadas pelos líderes dos restantes países do euro:se estes passaram a última semana a defender que a vitória do “Não” ia resultar na expulsão da Grécia do euro, Tusk explicou ontem que tal não é verdade. Olíder do Conselho Europeu admitiu todavia que com o “Não” em cima da mesa, a margem negocial ficará mais curta.

ministro da defesa As polémicas declarações do ministro da Defesa grego, que o i noticiou na edição de ontem, causaram bastante polémica interna. Panos Kammenos, ministro daDefesa e líder dos Gregos Independentes, da direita nacionalista, veio a público explicar que “as Forças Armadas estão prontas a assegurar a estabilidade interna e a defesa da soberania nacional”. Uma declaração que ligou os alarmes em vários quadrantes:“É uma linguagem perigosa para a democracia. Foi uma ameaça contra os direitos e liberdades do povo grego”, reagiu Fofi Genimmatas, líder dos socialistas do PASOK. “Só nos regimes de tipo soviético é que os exércitos asseguram a estabilidade interna”, salientou também Kostas Tasoulas, ministro-sombra da Defesa. 
As declarações de Kammenos foram feitas no seguimento de uma reunião do mesmo com Alexis Tsipras, o que também não caiu bem junto da oposição. Ao longo deste encontro entre primeiro-ministro e ministro da Defesa, o primeiro garantiu que as propostas que fez à troika não incluíam quaisquer medidas de corte na despesa do ministério da Defesa. Todavia, as propostas mostram um corte de 400 milhões em dois anos.