Da janela


Mesmo em frente da janela do meu quarto, a apenas algumas centenas de metros, está o primeiro e, até agora, o único bloco do Data Center da Covilhã. Parece meio abandonado, perdido e subaproveitado. Uma peça importante no puzzle da antiga PT, o fim da linha da poderosa infra-estrutura de cabos submarinos herdados da Marconi.…


Mesmo em frente da janela do meu quarto, a apenas algumas centenas de metros, está o primeiro e, até agora, o único bloco do Data Center da Covilhã. Parece meio abandonado, perdido e subaproveitado. Uma peça importante no puzzle da antiga PT, o fim da linha da poderosa infra-estrutura de cabos submarinos herdados da Marconi. Construído com esse fim, o de alojar inúmeros megas de dados que se produzem diariamente pelo mundo fora e, em concreto, nos países de expressão portuguesa.

Anunciado com pompa e circunstância, idolatrado vezes sem conta, pináculo de uma estratégia ambiciosa de que hoje apenas se sabe o nome: Farol.

Curiosamente, no mesmo dia em que o contemplo surge um pouco por toda a imprensa espanhola e portuguesa o anúncio da assinatura do consórcio que vai construir um cabo submarino que ligará Fortaleza a Lisboa. Um projecto em que não entrará investimento de Portugal. Seremos uma espécie de barriga de aluguer se, com sorte, assegurarmos que, efectivamente, essa amarração se efectua no nosso país. Vai atrair a maior parte do tráfego de internet da América Latina, uma vez que 75% dos conteúdos que são procurados por utilizadores brasileiros e latino-americanos podem ser adquiridos directamente na Europa. Assim como os seus conteúdos poderão ser aqui alojados – ali, por exemplo, no edifício que vejo da janela do meu quarto. Uma tremenda oportunidade para desenvolver o sector das TIC em Portugal.

Não existe actualmente uma rota eficiente de comunicações directas entre a América Latina e a Europa. O mesmo é feito, na sua quase totalidade, através da América do Norte, que é 600 vezes maior do que com a Europa. A maioria das comunicações entre ambos os continentes é realizada via América do Norte, com um efeito negativo no custo, velocidade e qualidade, já para não falar nas questões de segurança.

Estranhamente, na nossa imprensa, nada. Nem uma linha sobre o assunto. Justiça seja feita aos nossos parlamentares que aprovaram por unanimidade uma resolução, proposta pelo Partido Socialista, que recomenda ao governo o desenvolvimento de todos os esforços para garantir a amarração do cabo em Portugal. 

Escreve ao sábado 

Da janela


Mesmo em frente da janela do meu quarto, a apenas algumas centenas de metros, está o primeiro e, até agora, o único bloco do Data Center da Covilhã. Parece meio abandonado, perdido e subaproveitado. Uma peça importante no puzzle da antiga PT, o fim da linha da poderosa infra-estrutura de cabos submarinos herdados da Marconi.…


Mesmo em frente da janela do meu quarto, a apenas algumas centenas de metros, está o primeiro e, até agora, o único bloco do Data Center da Covilhã. Parece meio abandonado, perdido e subaproveitado. Uma peça importante no puzzle da antiga PT, o fim da linha da poderosa infra-estrutura de cabos submarinos herdados da Marconi. Construído com esse fim, o de alojar inúmeros megas de dados que se produzem diariamente pelo mundo fora e, em concreto, nos países de expressão portuguesa.

Anunciado com pompa e circunstância, idolatrado vezes sem conta, pináculo de uma estratégia ambiciosa de que hoje apenas se sabe o nome: Farol.

Curiosamente, no mesmo dia em que o contemplo surge um pouco por toda a imprensa espanhola e portuguesa o anúncio da assinatura do consórcio que vai construir um cabo submarino que ligará Fortaleza a Lisboa. Um projecto em que não entrará investimento de Portugal. Seremos uma espécie de barriga de aluguer se, com sorte, assegurarmos que, efectivamente, essa amarração se efectua no nosso país. Vai atrair a maior parte do tráfego de internet da América Latina, uma vez que 75% dos conteúdos que são procurados por utilizadores brasileiros e latino-americanos podem ser adquiridos directamente na Europa. Assim como os seus conteúdos poderão ser aqui alojados – ali, por exemplo, no edifício que vejo da janela do meu quarto. Uma tremenda oportunidade para desenvolver o sector das TIC em Portugal.

Não existe actualmente uma rota eficiente de comunicações directas entre a América Latina e a Europa. O mesmo é feito, na sua quase totalidade, através da América do Norte, que é 600 vezes maior do que com a Europa. A maioria das comunicações entre ambos os continentes é realizada via América do Norte, com um efeito negativo no custo, velocidade e qualidade, já para não falar nas questões de segurança.

Estranhamente, na nossa imprensa, nada. Nem uma linha sobre o assunto. Justiça seja feita aos nossos parlamentares que aprovaram por unanimidade uma resolução, proposta pelo Partido Socialista, que recomenda ao governo o desenvolvimento de todos os esforços para garantir a amarração do cabo em Portugal. 

Escreve ao sábado