Um futuro de sucesso


Cada vez mais, as dificuldades económicas, a quebra de receitas publicitárias bem como do número de espectadores e associados, limita a capacidade de recrutamento de jogadores de maior valia.


© Petr David Josek/AP

Ao longo dos últimos dias, o desporto nacional viveu momentos agridoces, num misto de êxitos, decepções e bons sinais de esperança para o futuro.

No Mundial de Hóquei em Patins, a (recentemente) crónica terceira posição, depois de soçobrarmos ao stick da Argentina.

No Mundial de sub-20 de futebol, a eliminação nos quartos-de-final aos pés do consagrado Brasil, mas numa partida em que Portugal mostrou uma clara e inusitada superioridade.

No Europeu sub-21, a nova geração de ouro deixou escapar uma vitória que seria inquestionavelmente sua se bastasse ser melhor equipa e ter os melhores jogadores para vencer estas competições.

Nos Jogos Europeus, Portugal arrecadou mais de uma dezena de medalhas – incluindo o também amargo bronze do futebol de praia – num leque diversificado de modalidades, conjugando a consagração de atletas como Telma Monteiro (judo), a equipa de ténis de mesa, João Costa (tiro) e Fernando Pimenta (canoagem), com a emergência de novos protagonistas como Rui Bragança e Júlio Ferreira (Taekwondo), João Silva (triatlo) ou a dupla de trampolins sincronizados.

Em vários outros contextos, apesar dos dissabores do voleibol e do andebol, realce para a emergência de talentos de escala planetária, como acontece com Miguel Oliveira no motociclismo.

No plano competitivo, a um ano dos Jogos Olímpicos do Rio, as perspectivas parecem francamente animadoras, seja em termos de número de presenças, seja pela possibilidade de disputa das melhores classificações em modalidades individuais e colectivas.  

Este não é, porém, um resultado que se consiga de um momento para o outro, exigindo um investimento consistente do Estado central e de todos os agentes no apoio à formação desportiva, enquanto instrumento de fomento da prática desportiva, de ocupação dos tempos livres e de formação social e humana dos nossos jovens.

Para lá dessa perspectiva de cariz “comunitário”, a lógica da valorização da formação desportiva pode ser também entendida enquanto aposta estratégica na identificação e no apoio à afirmação de jovens talentos nas diferentes modalidades desportivas.

Afinal, se é certo que há também exemplos de vocações tardias para a prática bem sucedida de diversos desportos, não é de estranhar que a esmagadora maioria dos atletas que atingem o patamar máximo das suas modalidades a nível competitivo tenham seguido um árduo caminho de prática desse desporto desde tenra idade.

Mas, a juntar a estas duas perspectivas, há ainda que ter em conta a questão da competitividade e da sustentabilidade financeira das próprias colectividades, na generalidade das modalidades desportivas, nomeadamente no que concerne ao seu desempenho nas competições seniores, sejam estas profissionais sejam amadoras.

Cada vez mais, as dificuldades económicas inerentes à quebra de receitas publicitárias bem como do número de espectadores e associados limitam a capacidade de recrutamento de jogadores de maior valia, obrigando a uma aposta crescente na formação in house de atletas de valor ou na optimização dos departamentos ou áreas de prospecção de jovens talentos.

Se olharmos para as modalidades em que a prática desportiva se associa a um forte dinamismo económico – o que varia também de país para país –, o êxito e a sobrevivência de muitos clubes assenta na capacidade de recrutarem bons jogadores a custo reduzido, promoverem a sua valorização e concretizarem negócios que proporcionem significativas mais-valias.

Ora também neste plano Portugal continuará a ter capital de juventude para ganhar e vender.

Presidente da Câmara de Braga
Escreve à quinta-feira

Um futuro de sucesso


Cada vez mais, as dificuldades económicas, a quebra de receitas publicitárias bem como do número de espectadores e associados, limita a capacidade de recrutamento de jogadores de maior valia.


© Petr David Josek/AP

Ao longo dos últimos dias, o desporto nacional viveu momentos agridoces, num misto de êxitos, decepções e bons sinais de esperança para o futuro.

No Mundial de Hóquei em Patins, a (recentemente) crónica terceira posição, depois de soçobrarmos ao stick da Argentina.

No Mundial de sub-20 de futebol, a eliminação nos quartos-de-final aos pés do consagrado Brasil, mas numa partida em que Portugal mostrou uma clara e inusitada superioridade.

No Europeu sub-21, a nova geração de ouro deixou escapar uma vitória que seria inquestionavelmente sua se bastasse ser melhor equipa e ter os melhores jogadores para vencer estas competições.

Nos Jogos Europeus, Portugal arrecadou mais de uma dezena de medalhas – incluindo o também amargo bronze do futebol de praia – num leque diversificado de modalidades, conjugando a consagração de atletas como Telma Monteiro (judo), a equipa de ténis de mesa, João Costa (tiro) e Fernando Pimenta (canoagem), com a emergência de novos protagonistas como Rui Bragança e Júlio Ferreira (Taekwondo), João Silva (triatlo) ou a dupla de trampolins sincronizados.

Em vários outros contextos, apesar dos dissabores do voleibol e do andebol, realce para a emergência de talentos de escala planetária, como acontece com Miguel Oliveira no motociclismo.

No plano competitivo, a um ano dos Jogos Olímpicos do Rio, as perspectivas parecem francamente animadoras, seja em termos de número de presenças, seja pela possibilidade de disputa das melhores classificações em modalidades individuais e colectivas.  

Este não é, porém, um resultado que se consiga de um momento para o outro, exigindo um investimento consistente do Estado central e de todos os agentes no apoio à formação desportiva, enquanto instrumento de fomento da prática desportiva, de ocupação dos tempos livres e de formação social e humana dos nossos jovens.

Para lá dessa perspectiva de cariz “comunitário”, a lógica da valorização da formação desportiva pode ser também entendida enquanto aposta estratégica na identificação e no apoio à afirmação de jovens talentos nas diferentes modalidades desportivas.

Afinal, se é certo que há também exemplos de vocações tardias para a prática bem sucedida de diversos desportos, não é de estranhar que a esmagadora maioria dos atletas que atingem o patamar máximo das suas modalidades a nível competitivo tenham seguido um árduo caminho de prática desse desporto desde tenra idade.

Mas, a juntar a estas duas perspectivas, há ainda que ter em conta a questão da competitividade e da sustentabilidade financeira das próprias colectividades, na generalidade das modalidades desportivas, nomeadamente no que concerne ao seu desempenho nas competições seniores, sejam estas profissionais sejam amadoras.

Cada vez mais, as dificuldades económicas inerentes à quebra de receitas publicitárias bem como do número de espectadores e associados limitam a capacidade de recrutamento de jogadores de maior valia, obrigando a uma aposta crescente na formação in house de atletas de valor ou na optimização dos departamentos ou áreas de prospecção de jovens talentos.

Se olharmos para as modalidades em que a prática desportiva se associa a um forte dinamismo económico – o que varia também de país para país –, o êxito e a sobrevivência de muitos clubes assenta na capacidade de recrutarem bons jogadores a custo reduzido, promoverem a sua valorização e concretizarem negócios que proporcionem significativas mais-valias.

Ora também neste plano Portugal continuará a ter capital de juventude para ganhar e vender.

Presidente da Câmara de Braga
Escreve à quinta-feira