Segundo o comunicado da Wikileaks, os documentos agora divulgados são "relatórios de espionagem classificados que resultaram dos serviços de vigilância, que evidenciam que os EUA e o Reino Unido espiaram governantes alemães a discutir as suas posições e desacordos sobre as soluções para a crise financeira grega".
Um dos relatórios é baseado numa conversa privada entre Angela Merkel com o seu assistente pessoal com o segundo a basear-se na intercepção das comunicações do director-geral para os assuntos europeus da chancelaria alemã. Este último relatório já foi elaborado pelos serviços secretos britânicos.
O relatório baseado na conversa de Merkel, de Outubro de 2011, vem classificado dois níveis acima de "Top Secret" e terá sido partilhado pelos EUA com a "sua aliança de espionagem: Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia". Na conversa, refere o comunicado do Wikileaks, "a chanceler apresenta a sua visão sobre as soluções para a crise grega e o desacordo com a posição dos membros do seu gabinete, tal como o ministro das Finanças Wolfgang Schauble".
Angela Merkel aborda também as diferentes posições dos líderes de França, da troika, de Durão Barroso, então presidente da CE, e do então líder do BCE, Jean-Claude Trichet. Ao longo da conversa, a chanceler pede urgência no avanço dos impostos sobre transacções financeiras e um maior nível de pressão sobre os governos britânico e norte-americano neste assunto.
Num outro relatório hoje publicado pelo WikiLeaks, já de uma intercepção dos serviços secretos do Reino Unido e enviado para a NSA, é antecipada a posição que o governo alemão iria ter face às negociações em curso para um resgate à Grécia. O relatório aborda o enquadramento feito pelo director-geral para os assuntos europeus alemão, Nikolaus Meyer-Landrut, que se opunha à atribuição de uma licença bancária ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira.
Landrut é ainda citado a explicar que a resolução da crise grega exige uma enorme participação do sector privado e que devia ser colocada uma equipa a 'full time' na Grécia para controlar a evolução da situação.