Marcas brancas. Quota de mercado cai com maior aposta nas promoções

Marcas brancas. Quota de mercado cai com maior aposta nas promoções


É a lei da concorrência a funcionar. Os fabricantes apostam mais nas promoções.


As marcas próprias – mais conhecidas por marcas brancas – continuam a perder quota de mercado.  A culpa é das marcas de fabricante que estão a apostar cada vez mais nas promoções e acabam por apresentar produtos a preços mais baixos. Esta tendência não é nova, já em 2014, tínhamos assistido a um recuo na quota de mercado que passou de 38 para 36%. E essa tendência volta a repetir-se nos primeiros três meses do ano. A quota baixou de 34,7 para 33,7%, de acordo com os dados avançados ao i pela Associação Portuguesa da Empresas de Distribuição (APED).

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A entidade vê com bons olhos, no entanto, estas oscilações: “Resultam de dinâmicas normais do mercado, que revelam apenas uma ligeira descida da quota das marcas da distribuição (MDD). Apesar destas variações, não vimos este comportamento como negativo, uma vez que as MDD têm um terreno conquistado, com o seu valor – que resulta da conjugação do preço competitivo e da grande qualidade  e estão muito bem consolidadas junto do consumidor”.

Também a realidade do consumidor mudou. Se há uns anos, as marcas próprias eram vistas apenas como alternativas de baixo custo, actualmente já respondem “às necessidades e diferentes perfis dos seus clientes em que os consumidores procuram qualidade e valor e as marcas próprias oferecem todos estes atributos”, salienta a APED.
 
Promoções. O aumento do maior número de oferta de promoções por parte dos fabricantes justificam, em grande parte, a queda desta quota de mercado das marcas próprias. A explicação é simples, de acordo com a analista de mercado da Associação de Defesa do Consumidor (DECO), Susana Nunes: “os fabricantes tentam acompanhar a oferta que existe no mercado. E os consumidores vão muitas vezes atrás das marcas mais baratas e estas são muitas vezes as marca de fabricante”, diz ao i. Segundo esta analista, são as regras da concorrência a funcionar e, por isso mesmo, acredita que esta tendência de queda é para continuar. “Haverá uma migração, ou seja, o produto mais barato deixou de ser o produto de marca própria para passar a ser também o de fabricante para acompanhar a concorrência. É uma concorrência saudável”.

O que é certo é que, em alguns casos – principalmente no caso da alimentação, em que a oferta é maior  – é possível encontrar preços mais baixos na ordem dos 30%, desde que as marcas de fabricante não apostem em campanhas de desconto.

“Desde 2008 que a compra de artigos a preços mais baixos se tornou uma prática corrente. A fidelidade à marca é coisa de tempos que já lá vão. E, ao cliente, não custa nada alternar as marcas que consome em função do preço e das promoções que melhor o servem. É claro que a decisão de escolha depende muito da categoria dos produtos”, refere a DECO, acrescentando ainda que “se é verdade que, na visita ao supermercado, o carrinho de compras se enche de produtos de marca própria (o equivalente a quase 40%), cada vez mais as marcas de fabricante procuram fazer concorrência, baixando o preço. Daí que o consumidor vá variando entre as marcas”.

Mas nem as promoções estão a conseguir impulsionar as compras dos produtos de grande consumo. No primeiro trimestre, as promoções subiram 28%, mas o volume de compras nos lares portugueses recuou 2,1%, segundo os dados mais recentes da Kantar Worldpanel.
De acordo com a mesma fonte, “as promoções só parecem estar a ter um efeito positivo no crescimento do volume comprado de marcas de fabricante, que crescem 3,2% nestes primeiros meses do ano”.
 
Barato sai caro? Tudo depende da categoria de produto, mas de facto é nos produtos de limpeza para o lar que notamos que as marcas mais baratas podem revelar eficácias mais baixas. “Neste caso, ainda que o custo anual seja reduzido, se a eficácia do detergente não for boa, vai gastar mais”, afirma Susana Nunes.

Por isso mesmo, a responsável chama a atenção para a necessidade de aproveitar as promoções, uma vez que estas, são também uma boa dica de poupança. “Como em tudo, é preciso estar atento, pois nem sempre compensa. Vimos isso no caso dos produtos de maior capacidade, em que, muitas vezes, o preço é maior ou igual. Nestes casos, estar atento ao prazo de validade é importante”, conclui.