AC/DC


O recente episódio das escutas aos três últimos presidentes franceses aguçou-me o apetite para trazer mais um assunto ausente dos programas de governo dos partidos portugueses: a governação da internet.


O que para muitos representa a abreviatura de Anno Domini, para mim significa uma marca, a mudança na forma como olhamos para a governação da internet: antes de Snowden e depois de Snowden.

O recente episódio das escutas aos três últimos presidentes franceses aguçou-me o apetite para trazer mais um assunto ausente dos programas de governo dos partidos portugueses: a governação da internet.

A discussão em torno da forma como se deve governar a internet – que, para quem não sabe, é gerida por uma entidade privada com sede nos Estados Unidos da América – começou a ganhar expressão em 2003, na Cimeira Mundial da Sociedade da Informação, realizada em Tunes, com o reconhecimento da necessidade de se avançar com um processo de democratização dessa governação. 

Só em 2013, permitam-me, o Anno Domini na história da internet – e após as revelações de Snowden –, é que se iniciaram discussões sérias em torno do assunto. Casos como o Stuxnet (worm criado para atacar o sistema operacional das centrifugadoras de enriquecimento de urânio iranianas) e o Flame (malware modular utilizado para espionagem cibernética no Médio Oriente), mas sobretudo as escutas efectuadas aos principais líderes europeus, fizeram soar os alarmes. 

Aliás, até aqui a posição da UE tinha sido de total alinhamento com os EUA na defesa da manutenção do statu quo. 
Subitamente, assiste-se a uma tendência de mudança de posição na Europa, fruto das revelações de Snowden e, em concreto, quando são denunciadas as escutas a Merkel. A causa-efeito foi o lançamento imediato, pela Comissão Europeia, de uma consulta pública sobre o tema e algumas mudanças subtis nos discursos dos responsáveis europeus pelo assunto. 

Por cá, pouco ou nada se disse, debateu ou legislou. É certo que eventuais escutas a Belém nos últimos nove anos se enquadram entre o bizarro e o hilariante, mas Portugal, por ser um entreposto de acesso e passagem de cabos submarinos, tem a obrigação de participar neste debate. Aparentemente, continua-se a ignorar este facto.

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O recente episódio das escutas aos três últimos presidentes franceses aguçou-me o apetite para trazer mais um assunto ausente dos programas de governo dos partidos portugueses: a governação da internet.


O que para muitos representa a abreviatura de Anno Domini, para mim significa uma marca, a mudança na forma como olhamos para a governação da internet: antes de Snowden e depois de Snowden.

O recente episódio das escutas aos três últimos presidentes franceses aguçou-me o apetite para trazer mais um assunto ausente dos programas de governo dos partidos portugueses: a governação da internet.

A discussão em torno da forma como se deve governar a internet – que, para quem não sabe, é gerida por uma entidade privada com sede nos Estados Unidos da América – começou a ganhar expressão em 2003, na Cimeira Mundial da Sociedade da Informação, realizada em Tunes, com o reconhecimento da necessidade de se avançar com um processo de democratização dessa governação. 

Só em 2013, permitam-me, o Anno Domini na história da internet – e após as revelações de Snowden –, é que se iniciaram discussões sérias em torno do assunto. Casos como o Stuxnet (worm criado para atacar o sistema operacional das centrifugadoras de enriquecimento de urânio iranianas) e o Flame (malware modular utilizado para espionagem cibernética no Médio Oriente), mas sobretudo as escutas efectuadas aos principais líderes europeus, fizeram soar os alarmes. 

Aliás, até aqui a posição da UE tinha sido de total alinhamento com os EUA na defesa da manutenção do statu quo. 
Subitamente, assiste-se a uma tendência de mudança de posição na Europa, fruto das revelações de Snowden e, em concreto, quando são denunciadas as escutas a Merkel. A causa-efeito foi o lançamento imediato, pela Comissão Europeia, de uma consulta pública sobre o tema e algumas mudanças subtis nos discursos dos responsáveis europeus pelo assunto. 

Por cá, pouco ou nada se disse, debateu ou legislou. É certo que eventuais escutas a Belém nos últimos nove anos se enquadram entre o bizarro e o hilariante, mas Portugal, por ser um entreposto de acesso e passagem de cabos submarinos, tem a obrigação de participar neste debate. Aparentemente, continua-se a ignorar este facto.