O Duas Quintas, o mais conhecido vinho da Casa Ramos Pinto comemora este ano 25 anos. Foi em 1990 que saiu a primeira colheita de tinto. No ano seguinte foi a vez do Reserva e em 1992, a do primeiro branco. Recentemente, por ocasião do Festival de Vinhos do Douro Superior, João Nicolau de Almeida, o criador destes vinhos contou-nos uma história curiosa acerca do nome. “Tínhamos descoberto o que queríamos, um lote com uvas provenientes da Quinta dos Bons Ares (maior altitude, fica a 600m, as uvas têm maior frescura, mais acidez) e da Quinta da Ervamoira (cota mais baixa, fica nos 150 m de altitude, logo maior maturação, mais fruta). Andava a matutar no nome para este vinho, mas a inspiração não era muita e, uma noite, a minha mulher puxou conversa, eu disse-lhe o que me preocupava. Foi imediata e certeira: Chama-lhe Duas Quintas! E assim ficou.”
Estes quatro vinhos retratam, ainda hoje, a modernidade do Douro Superior a par com toda a tradição, já que são feitos em lagares tradicionais, com posterior estágio em pipas de carvalho. Depois do desafio que o seu tio José Ramos Pinto Rosas lhe lançou no sentido de seleccionar as castas que melhor se adaptavam à produção de vinho do Porto, João Nicolau de Almeida, acabado de regressar da Universidade de Enologia de Bordéus, propôs-se produzir vinhos de mesa. Influenciado pelo seu pai, Fernando Nicolau de Almeida, que algumas décadas atrás havia criado o Barca Velha, na Casa Ferreirinha, ao ingressar na Casa Ramos Pinto, convenceu o seu tio a acrescentar ao estudo das castas para o vinho do Porto, as castas para o vinho do Douro e assim começou por colher e microvinificar castas específicas para esse fim. O projecto ganhou força e acabou, também, por transformar o paradigma dos vinhos de mesa do Douro, sendo a primeira vez que foram plantadas vinhas de castas para o vinho do Douro em grande escala.
Muito recentemente o Duas Quintas Clássico e o Duas Quintas Reserva, surgiram com rótulos bem distintos.
Duas Quintas Branco 2014 – 9,20€ Aroma com alguma fruta e ligeiro vegetal. Boa estrutura de boca. Já está pronto a ser bebido, mas melhorará com mais um tempo em garrafa. Provámos o 1994 e o 2000 e ambos ainda deram muito boa conta de si. Está mesmo a pedir comida e a companhia do bacalhau fica-lhe a matar!
Duas Quintas reserva Branco 2013 – 16,20€ Aroma onde se cruzam notas limonadas e florais, com frita e um pouco de mineralidade. Boa acidez e frescura, boa estrutura, com notas tostadas. Bom final.
Duas Quintas tinto 2013 – 10,70€ Um tinto ainda muito jovem, mas já muito bebível. Feito de tinta roriz, touriga nacional e touriga franca, tem boas notas florais, frutos silvestres, especiarias e um toque mineral. Na boca mostra muito equilíbrio bons taninos e uma estrutura engraçada. Na prova seguida de jantar, provamos uma série de colheitas, nomeadamente a primeira, de 1990. Este vinho ainda está bem vivo, com uma boa prova de boca e um belo final, o mesmo acontecendo ao 1994 (uma colheita excepcional, registe-se), o 2000, ano em que tudo foi muito redondo, muito elegante, muito feminino, leve, fresco, com taninos suaves e o 2001 que está cheio de garra e potência.
Duas Quintas reserva tinto 2012 – 25€ Está muito interessante. Tem uma casta nova (nova no lote, entenda-se), a tinta da barca, que lhe dá muita graça. Provámos ainda o Reserva 1991, que ainda está cheio de força, o 1994, que está um grande vinho em qualquer parte do mundo, o 2000, gentil e muito elegante e o 2008, que pode não ser um grande Duas Quintas Reserva, mas que está um belo vinho tinto e a bom preço (23,95€).