David Neeleman, sócio de Humberto Pedrosa no consórcio Atlantic Gateway, não acredita que o PS, caso ganhe as eleições legislativas, venha a rescindir o contrato de venda da TAP.
Em conferência de imprensa após a assinatura do contrato, o empresário brasileiro afirmou que “a aposta é que quando vier um novo governo, a TAP já esteja numa situação melhor do que aquela em que está hoje. E assim sendo nenhum governo vai querer”. Neeleman disse ainda acreditar que no próximo ano a empresa já estará a dar lucro e que se irá tornar uma “das melhores do mundo”. Quanto ao investimento, admite que será de mais de 600 milhões de euros, e que pode mesmo chegar aos 800 milhões.
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Este valor foi obtido tendo em consideração um aumento de capital a fazer na TAP, no valor de 345 milhões de euros – destes, 270 milhões serão pagos assim que o negócio estiver concluído, sendo o restante colocado durante o próximo ano. E, claro, tendo em conta o investimento em novas aeronaves.
A proposta da Atlantic Gateway prevê a aquisição de, no mínimo, 53 novas aeronaves, uma vez que “é necessário renovar a frota”, afirmaram Humberto Pedroso e David Neeleman durante a apresentação da sua estratégia para a companhia. Mas para que tudo isto aconteça ainda é preciso que Bruxelas dê luz verde ao negócio.
Ontem, fonte oficial da comissária com a pasta do Mercado Interno confirmou à agência Lusa que está a analisar uma queixa que lhe chegou relacionada com o negócio. Foi recebida “uma queixa relacionada com a venda de participação da TAP”. A Comissão Europeia “está a analisá-la”, conclui a nota enviada à agência noticiosa. Já na segunda-feira a Associação Peço a Palavra tinha anunciado que tinha sido aberto um “processo oficial de inquérito” após a denúncia que a associação apresentou em Bruxelas.
Banco não controlará Questionado pelos jornalistas, David Neeleman explicou que o BNDES – o banco estatal brasileiro – não vai ter qualquer posição na companhia e que é “apenas uma fonte de financiamento”, como muitas outras. “Vi o que a imprensa escreveu sobre isso. Tudo bobagem”, garantiu o empresário. Admitiu, no entanto, que o governo brasileiro se disponibilizou para ajudar o consórcio no que for preciso.
Na ocasião, Neeleman garantiu ainda que a Azul – a companhia aérea de que é dono, no Brasil – não vai ser privilegiada nas parcerias com a TAP, e que a actual parceria que a companhia portuguesa tem com a GOL pode manter-se. “As empresas são diferentes e os accionistas são diferentes”, sublinhou Neeleman.
Em relação às rotas da companhia, Neeleman e Pedrosa revelaram ainda que pensam expandir a actividade nas Américas do Norte e do Sul, adicionando novos destinos nos EUA – “para onde estão os portugueses e os americanos que querem vir para a Europa” – e aumentando a frequência dos voos para vários destinos da América do Sul.
Em relação a África pretendem aumentar a frequência dos voos por via de acordos bilaterais e no que toca à Europa o objectivo é fortalecer os mercados que já serve actualmente. Sobre os funcionários da TAP e os protestos dos diversos sindicatos contra a privatização, Neeleman começou por dizer que “as empresas não sobrevivem sem pessoas”, recordando depois que sempre seguiu uma política de não despedimentos.
Recorde-se que o contrato com o governo português prevê que não possa haver cortes de salários nem despedimentos nos próximos três anos.