TAP. Neeleman não acredita que PS rescinda contrato

TAP. Neeleman não acredita que PS rescinda contrato


Investimento dos novos donos da TAP pode chegar aos 800 milhões. Empresário admite ter lucro já em 2016.


David Neeleman, sócio de Humberto Pedrosa no consórcio Atlantic Gateway, não acredita que o PS, caso ganhe as eleições legislativas, venha a rescindir o contrato de venda da TAP.

Em conferência de imprensa após a assinatura do contrato, o empresário brasileiro afirmou que “a aposta é que quando vier um novo governo, a TAP já esteja numa situação melhor do que aquela em que está hoje. E assim sendo nenhum governo vai querer”. Neeleman disse ainda acreditar que no próximo ano a empresa já estará a dar lucro e que se irá tornar uma “das melhores do mundo”. Quanto ao investimento, admite que será de mais de 600 milhões de euros, e que pode mesmo chegar aos 800 milhões.

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Este valor foi obtido tendo em consideração um aumento de capital a fazer na TAP, no valor de 345 milhões de euros – destes, 270 milhões serão pagos assim que o negócio estiver concluído, sendo o restante colocado durante o próximo ano. E, claro, tendo em conta o investimento em novas aeronaves.

A proposta da Atlantic Gateway prevê a aquisição de, no mínimo, 53 novas aeronaves, uma vez que “é necessário renovar a frota”, afirmaram Humberto Pedroso e David Neeleman durante a apresentação da sua estratégia para a companhia. Mas para que tudo isto aconteça ainda é preciso que Bruxelas dê luz verde ao negócio.

Ontem, fonte oficial da comissária com a pasta do Mercado Interno confirmou à agência Lusa que está a analisar uma queixa que lhe chegou relacionada com o negócio. Foi recebida “uma queixa relacionada com a venda de participação da TAP”. A Comissão Europeia “está a analisá-la”, conclui a nota enviada à agência noticiosa. Já na segunda-feira a Associação Peço a Palavra tinha anunciado que tinha sido aberto um “processo oficial de inquérito” após a denúncia que a associação apresentou em Bruxelas.

Banco não controlará Questionado pelos jornalistas, David Neeleman explicou que o BNDES – o banco estatal brasileiro – não vai ter qualquer posição na companhia e que é “apenas uma fonte de financiamento”, como muitas outras. “Vi o que a imprensa escreveu sobre isso. Tudo bobagem”, garantiu o empresário. Admitiu, no entanto, que o governo brasileiro se disponibilizou para ajudar o consórcio no que for preciso.

Na ocasião, Neeleman garantiu ainda que a Azul – a companhia aérea de que é dono, no Brasil – não vai ser privilegiada nas parcerias com a TAP, e que a actual parceria que a companhia portuguesa tem com a GOL pode manter-se. “As empresas são diferentes e os accionistas são diferentes”, sublinhou Neeleman.

Em relação às rotas da companhia, Neeleman e Pedrosa revelaram ainda que pensam expandir a actividade nas Américas do Norte e do Sul, adicionando novos destinos nos EUA – “para onde estão os portugueses e os americanos que querem vir para a Europa” – e aumentando a frequência dos voos para vários destinos da América do Sul.

Em relação a África pretendem aumentar a frequência dos voos por via de acordos bilaterais e no que toca à Europa o objectivo é fortalecer os mercados que já serve actualmente. Sobre os funcionários da TAP e os protestos dos diversos sindicatos contra a privatização, Neeleman começou por dizer que “as empresas não sobrevivem sem pessoas”, recordando depois que sempre seguiu uma política de não despedimentos.

Recorde-se que o contrato com o governo português prevê que não possa haver cortes de salários nem despedimentos nos próximos três anos.