Portugal. A Paciência é uma arte

Portugal. A Paciência é uma arte


Selecção defronta Alemanha nas meias-finais e garante também um lugar nos Jogos Olímpicos.


Não fosse Portugal ter terminado na liderança do Grupo B e poderíamos dizer que a engrenagem dos sub-21 tinha sofrido uma ligeira avaria. A equipa de Rui Jorge chegou a este Europeu com 10 vitórias seguidas e, depois de bater a Inglaterra na 1.ª jornada, não conseguiu voltar a festejar um triunfo: 0-0 com a Itália e, agora, um empate a uma bola com a Suécia.

Mesmo assim, Portugal foi superior aos escandinavos e só não venceu por mera infelicidade. Gonçalo Paciência saltou novamente do banco e marcou o 1-0 aos 82 minutos, garantindo que só uma catástrofe (sofrer dois golos) eliminaria a selecção. A perder, a Suécia abandonaria a prova na Rep. Checa. Por isso, arriscou tudo e chegou ao empate aos 89 minutos. Portugal, que no último terço do jogo quase só atacava pela certa, mantinha uma estratégia paciente e com riscos diminutos. O 1-1 felizmente não alterou o cenário para a equipa das quinas, mas colocava a Suécia nas meias-finais.

Por isso os últimos minutos foram de anti-jogo – Portugal trocava a bola no seu meio campo, os suecos não pressionavam. A paciência transformava-se numa arte, a da liderança. Com apenas uma vitória, dois golos marcados e um sofrido, a equipa de Rui Jorge encabeçou o seu grupo e terá pela frente a Alemanha nas meias-finais. Desde 2004 que Portugal não chegava a esta fase. O apuramento garantiu também aos jovens nacionais um lugar nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Um duplo objectivo para já alcançado. Agora há motivos para sonhar com um título inédito em Europeus.

Empate, a palavra-chave O seleccionador nacional voltou ao início, ou seja, apostou no mesmo onze que na primeira jornada, contra a Inglaterra. Mané e Rafa saíram, entraram Cavaleiro e Ricardo, o melhor marcador da equipa na fase de apuramento.

Os portugueses entravam em campo sabendo que um empate bastava para garantir um lugar entre os quatro semifinalistas. No entanto, tal como Rui Jorge prometera, a selecção não se encolhia no seu meio campo à espera do adversário. William podia ter feito o 1-0 logo aos sete minutos, quando apareceu frente a Carlgren. O médio demorou muito a tentar fintar o guarda-redes sueco e a melhor ocasião do jogo desperdiçava-se. Pouco depois, num lance individual, Ricardo atirou por cima da baliza.

O domínio de Portugal começava a justificar um golo, mas a pontaria dos futebolistas nacionais não estava nos melhores dias. A Suécia aparecia de quando em vez perto da área de José Sá, mas o guarda-redes continuava a ter uma noite calma. O único sobressalto na defesa deu-se por lesão e não pelo perigo adversário: Ilori teve de sair, com Tobias a entrar para o lado de Paulo Oliveira, reeditando a dupla de centrais que terminou a época a titular no Sporting.

Ao intervalo, com a Itália a vencer a Inglaterra por 2-0, o empate servia para apurar Portugal e Suécia. Apesar de tudo esperava-se que as selecções não alinhassem, de forma inconsciente, num pacto de não-agressão. Felizmente, isso não aconteceu (à excepção dos últimos minutos, que se podem incluir nos momentos surreais do futebol). Ambas as formações continuavam à procura do golo. A Suécia esteve perto de o conseguir, aos 61’, num cabeceamento de Thelin. Portugal só respondeu com verdadeiro perigo aos 76’.

Com Bernardo Silva e João Mário mais apagados que o habitual, a capacidade criativa do sector intermédio ressentia-se no futebol português. Saídos do banco, Gonçalo Paciência e Iuri Medeiros voltaram a mexer com o jogo. Mas à medida que o relógio andava, Portugal baixava as linhas e arriscava menos – mesmo quando tinha possibilidade de sair para o contra-ataque em superioridade numérica. A velocidade diminuiu, pois um golo sofrido (com o resultado no outro jogo) transportava imediatamente a selecção do 1.º para o 3.º lugar, deixando-a de fora deste Europeu e também dos Jogos Olímpicos.

Os dois golos nos últimos minutos acabaram por deixar tudo na mesma, ficando a Itália a chorar um apuramento que esteve muito perto. Os azurrini bateram a Inglaterra por 3-1 e, não fosse o golo de Tibbling aos 89’, teriam ultrapassado a Suécia na classificação.

Portugal só atingiu a final numa ocasião, em 1994, derrotado pelos italianos com um golo de ouro. Com esta promissora geração, pode-se esperar que no dia 27 os sub-21 consigam garantir a segunda presença no jogo decisivo.