Estudo. Um em cada seis jovens auto-mutilaram-se mais do que uma vez em 2014

Estudo. Um em cada seis jovens auto-mutilaram-se mais do que uma vez em 2014


Para o estudo de 2014, foram inquiridos 6.026 alunos dos 6.º, 8.º e 10.º anos de escolas de todo o país.


Um em cada seis adolescentes portugueses entre os 13 e os 15 anos magoaram-se a eles próprios de propósito mais do que uma vez durante o ano passado, a maioria nos braços, revela um estudo apresentado esta quarta-feira.

Trata-se de um estudo – “Health Behaviour in School-aged Children (HBSC) – realizado em Portugal para a Organização Mundial de Saúde, que avalia os comportamentos relacionados com a saúde dos jovens em idade escolar desde 1998.

Os dados mais recentes, relativos ao ano passado, revelam que as auto-mutilações estão a aumentar, com 15,6% dos adolescentes (510) do 8º e do 10º ano a referirem ter-se magoado de propósito mais do que uma vez nos últimos 12 meses, sendo que foram 20% os que afirmaram tê-lo feito pelo menos uma vez.

Quando questionados sobre a parte do corpo em que se auto-mutilaram, 52,9% (270) afirmaram tê-lo feito nos braços, 24,7% (126) nas pernas, 16,7% (85) na barriga e 22,5% (115) noutras partes do corpo.

O estudo indica igualmente estar a aumentar o número de jovens que afirmam sentir-se “extremamente tristes”.

Relativamente a comportamentos agressivos, e voltando à amostra total (6.º, 8.º e 10.º anos), o estudo indica que 56% das situações de provocação na escola ocorreram no recreio e que cerca de dois terços dos jovens que assistiram não fizeram nada e afastaram-se.

Entre as zonas onde mais ocorrem as provocações, seguem-se “à volta da escola”, os “corredores” e a “sala de aula”.

Quanto aos jovens inquiridos que assistiram a situações de provocações na sua escola, quase 11% afirmaram ter encorajado o provocador.

O cyberbullying também está a aumentar, embora apenas 15,4% dos adolescentes tenha estado envolvido de alguma forma: 7,6% como vítimas, 5,4% como vítimas e provocadores e 2,9% como provocadores.

O estudo conclui também que os jovens com “mais comportamentos saudáveis” são aqueles que “consideram que a família os ajuda a tomar decisões e os que têm amigos com quem partilhar alegrias e tristezas”.

No que respeita à escola, os alunos que revelam mais comportamentos saudáveis são os que gostam da escola e os que consideram que os professores se interessam por eles enquanto pessoas.

Os resultados deste estudo, coordenado em Portugal pela investigadora Margarida Gaspar de Matos, foram apresentados esta quarta-feira no âmbito do 19.º Encontro Europeu da Associação Internacional de Saúde do Adolescente (IAAH).

Lusa