A arte de descomprimir

A arte de descomprimir


Bo-taoshi é como quem diz “deitar abaixo o poste” em japonês. Essa parece ser a única regra


Se há coisa que se pode dizer dos japoneses é que são disciplinados. Os exemplos disso abundam na cultura deste país, desde a arte do arranjo de flores, o Ikebana, à perfeição de um rolinho de sushi. A forma é tudo.

A busca pela perfeição do gesto é levada ao extremo na arte da caligrafia, e não nos admiraríamos que um erro ortográfico fosse razão mais do que suficiente para a prática do harakiri.

Tanto autocontrolo pode ser explosivo. Felizmente os japoneses inventaram um desporto para que essas explosões se dessem num ambiente controlado. 

O início de um encontro de Botaoshi até é tipicamente japonês no sentido em que tudo parece muito bem organizado e tranquilo.O pior é depois.

Ao som de um apito, a loucura instala-se e, por momentos, parece que estamos a ver a encenação de um ataque de kamikazes a um porta-aviões. É curioso como os povos se distinguem nestas pequenas coisas: em Portugal o som de um apito é suficiente para nos fazer parar, no Japão parece ser o sinal de partida para um arraial de pontapés na boca.