O ex-presidente do Sporting Godinho Lopes enviou ontem uma carta a Marta Soares, presidente da assembleia geral, a exigir um pedido de desculpas público, depois de este ter falado em desvios na construção do estádio sem sequer lhe ter feito um pergunta sobre o assunto. Mas este é apenas um de uma série de desencontros, que começou com um processo em tribunal por causa da contratação de três jogadores e continuou com o pedido da sua expulsão do clube.
Começamos por aqui. “A carta registada foi recebida na véspera do jogo com o Braga [final da Taça no Jamor] e o pedido de expulsão tinha como base os resultados da auditoria que nunca me mostraram”, conta ao i Godinho Lopes. “Davam-me um prazo de 15 dias para responder a esse processo em minha defesa e diziam que enviavam os documentos em anexo. Mas não mandavam quaisquer elementos em anexo, o processo estava mal instruído”.
O Sporting está a mentir? “Está a omitir”, é esta a resposta do antigo presidente do clube, que diz que já respondeu, mas “foi impossível fazê-lo ponto por ponto”, uma vez que desconhece os anexos. Godinho Lopes vê o seu nome envolvido na auditoria que está a decorrer à gestão do Sporting e que neste momento incide sobre questões relacionadas com o património imobiliário.
Vários ex-presidentes A auditoria, da responsabilidade da Mazars, tem diversas fases e atravessa os mandatos de Santana Lopes, José Roquette, Dias da Cunha, Soares Franco, José Eduardo Bettencourt e Godinho Lopes. Já foram apresentadas as conclusões referentes aos mandatos de Bettencourt e Godinho Lopes, e foi esta que teve como resultado uma queixa judicial contra o anterior presidente, Luís Duque, Carlos Freitas e Nobre Guedes, devido à renovação de Izmailov e às contratações de Jeffren e Rodríguez. Ontem, a agência Lusa dava como certo que o tribunal absolvia os ex-dirigentes, por se julgar incompetente para julgar o processo.
Agora, Bruno de Carvalho e a sua equipa dizem ter resultados para apresentar na assembleia geral de 28 de Junho relativamente ao mandato de Soares Franco e à área do imobiliário. Em função dos resultados da auditoria, especialmente ao património, poderão existir novos processos judiciais ou de expulsão.
Contactado pelo i, Soares Franco admitiu que não vai estar presente na reunião magna de dia 28. “Não pensei muito nisso, mas não tenho ido às últimas. Oque vai acontecer?Não sei, fico à espera. Não vou comentar uma auditoria que não conheço. Mas tenho alguma expectativa para saber os resultados”. Tal como outros antigos presidentes, Soares Franco mostra-se tranquilo:“Li que havia um desvio na construção do estádio. Não tenho nada a ver com isso. A minha direcção limitou-se a vender património não-desportivo, que foi aprovado em AG”.
José Roquette não quis manter acesa mais uma polémica e preferiu não comentar o tema. No entanto, fonte ligada ao empresário lembra que quando se fazem acusações é preciso ter provas, e que quando tal não acontece existem instâncias próprias para tratar estas questões.
Uma posição não muito diferente da assumida por Carlos Barbosa, antigo vice-presidente leonino. “Se houve irregularidades praticadas por alguém, esse alguém deve ser chamado à justiça e prestar contas, quer agora quer no futuro, quer no passado. O Sporting é superior a qualquer direcção que por lá passe, pelo que não pode ser prejudicado por arrivistas que achem que o clube é deles. Isto serve para todas”.
Ausências confirmadas Tal como Soares Franco, Godinho Lopes também garante que não estará presente na AG de domingo, como não tem estado nos conselhos leoninos. “Uma promessa que fiz a mim mesmo desde a hora em que Bruno de Carvalho se gabou de ter feito 59 intervenções contra a minha direcção uma hora antes de ter tomado posse”, lembra ao i o ex-presidente. Este foi um dos motivos que o levou a escrever a Marta Soares: “Não compreendo como é que um presidente da AG, que tem como missão a coesão dos sócios, é capaz de criticar alguns ex-dirigentes em favor de outros. Se fazem um ataque directo à minha pessoa tenho de defender o meu bom nome”.