Parlamento “vendido” durante meia hora. Agir promete mais acções

Parlamento “vendido” durante meia hora. Agir promete mais acções


AR abre inquérito. A decisão do parlamento “está entre um sketch dos Monty Python e os Gato Fedorento”, diz Joana Amaral Dias.


O Agir, partido de Joana Amaral Dias, arrancou a campanha eleitoral com uma acção de contestação contra as privatizações. Os activistas do partido colocaram durante quase meia hora uma faixa na varanda da Assembleia da República com a inscrição “vendido”. 

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A intenção do Agir, que concorre às eleições legislativas numa coligação com o PTP, é alertar para as empresas, como a TAP, que estão a ser vendidas por “tuta e meia” e contra os cortes feitos por este governo. Os activistas, que entraram normalmente no parlamento como visitantes, colocaram a faixa sem dificuldades. Só ao fim de quase meia hora a GNR a retirou. 

A Assembleia da República anunciou, horas depois, a abertura de “um inquérito interno” com o objectivo de “esclarecer o que se verificou”. Joana Amaral Dias acha a decisão do parlamento absurda. “Este inquérito do parlamento está entre um sketch dos Monty Python e os Gato Fedorento. A presidente da Assembleia Assunção Esteves sabe muito bem que foram os colegas do seu partido que venderam o parlamento”, diz ao i a dirigente do Agir. E acrescenta:“O parlamento já está vendido há muito tempo.”

Vice-presidente da AR diz que “é uma  iniciativa de mau gosto” e uma “falta de respeito”

“É LAMENTÁVEL” A acção dos dirigentes do Agir é condenada pelo vice-presidente da Assembleia da República, Guilherme Silva. “Acho que é uma iniciativa de muito mau gosto.  A democracia custou muito a conquistar e tem regras. A pior coisa que se pode fazer é não respeitar as instituições. É lamentável e o Agir começa mal”, diz ao i o deputado social-democrata, que classifica a acção do partido de Joana Amaral Dias como “uma falta de respeito pela Assembleia da República”.

O Agir tem previstas mais acções “simbólicas” para os próximos dias. O partido vai concorrer às legislativas aliado com o Partido Trabalhista Português, que foi liderado por José Manuel Coelho, o Partido Democrático do Atlântico e alguns movimentos sociais. A união destes partidos foi feita a partir de um programa que tem como pontos centrais o combate à corrupção, a defesa dos serviços públicos e “a necessidade de as pessoas se sentirem incluídas na democracia”.

Joana Amaral Dias, ex-deputada do Bloco de Esquerda, admitiu, em entrevista à Antena 1, que o Agir tem “noção de que chegou tarde a este combate” e por isso o objectivo é eleger “um ou dois deputados”. A ex-bloquista garante que o Agir não será um partido de “protesto”, nem só um “um partido de indignados”, mas rejeita uma coligação com o PS, porque seria como “uma formiga querer alterar o percurso de um elefante”. 
Com José Paiva Capucho