Jornalista egípcio da Al-Jazeera detido na Alemanha

Jornalista egípcio da Al-Jazeera detido na Alemanha


Ahmed Mansour é o apresentador de um talk-show, líder de audiências no serviço arábe do canal do Qatar.


Depois de, no princípio do mês de Junho, Berlim ter sido palco de uma controversa visita presidencial do general Abdel Fattah Al-Sisi, actual chefe de estado egípcio, o governo alemão volta a ser acusado de pactuar com o governo do país africano. Este sábado, o jornalista da Al-Jazeera, Ahmed Mansour, foi detido no aeroporto de Berlim-Tegel, quando embarcava para o Qatar.

O jornalista é acusado de ter torturado um advogado na Praça Tahrir, em 2011. A sentença, que o condena a 15 anos de prisão, foi proferida em 2014, no tribunal criminal do Cairo, sem Mansour estar presente. Ahmed Mansour terá informado a Al-Jazeera, inicialmente, que tinha sido retido por um alegado mandado de captura da Interpol. Contudo, mais tarde foi revelado que a sua captura tinha sido requisitada pelo governo egípcio.

O profissional da cadeia televisiva do Qatar, rejeitou todas as acusações, sublinhando que são uma “tentativa frágil de assassinato do seu carácter.” Entretanto o Egipto já solicitou a sua extradição.

O governo do General Sisi imputa a Al-Jazeera de ser porta-voz do movimento islâmico “Irmandade Muçulmana”, que considera um grupo terrorista. A Irmandade foi afastada em 2013 das actividades eleitorais por Al-Sisi, na altura ministro da defesa egípcio. Tanto a irmandade como a emissora de televisão negam as acusações por completo.

Denunciado por várias organizações de direitos humanos de totalitarismo, tendo capturado e executado diversos membros da oposição, Al-Sisi está a ser novamente criticado pela opinião pública. Entre as críticas está a manutenção da pena capital, que foi defendida pelo chefe de estado do Egipto durante a sua estadia em Berlim. Mohammed Morsi, ex-presidente egípcio, deposto por um golpe de estado liderado por Al-Sisi, é uma das figuras que se encontra condenado à morte.

Uma petição online, que exige a Angela Merkel a imediata libertação de Ahmed Mansour, conta já com mais de 26 000 assinantes. Ahmed Mansour ficará em custódia até esta segunda-feira.