No PS não chegou a ser um balde de água fria, porque os socialistas nunca ganharam grande distância nas sondagens, mas o desconforto com o primeiro estudo de opinião que colocou a coligação PSD/CDS em vantagem foi evidente. Porém, publicamente, António Costa desvalorizou os números.
“As sondagens que contam são as das urnas. Em relação às que têm saído, umas são melhores e outras piores e o que dizem é que temos de continuar a trabalhar, a fazer o que nos compete e a reforçar a confiança”, disse ontem o líder do PS em relação à sondagem da Universidade Católica para o “DN”, “JN”, RTP e Antena 1. Há um ano, Costa disse que “soube a pouco” o resultado do PS nas europeias, acabando por desafiar a liderança de António José Seguro.
Na campanha interna havia de dizer que “quem ganha por poucochinho é capaz de poucochinho”, num ataque a Seguro. A pouco mais de três meses das legislativas, Costa pede agora calma e reafirma o objectivo da maioria absoluta. Porfírio Silva, membro da direcção socialista, considera que “o estudo mostra que há um trabalho de esclarecimento a fazer, porque o governo está a distribuir doses maciças de aspirinas eleitorais, dando agora à pressa para voltar a tirar depois das eleições”. O socialista escreveu na sua página do Facebook que “a direita toda junta está empatada com o PS sozinho, o que quer dizer que o PS tem margem de progressão, e é aí que temos de trabalhar”.
No debate quinzenal, durante a manhã, a questão não foi aproveitada directamente pela maioria. Ainda assim, o próprio primeiro-ministro atirou: “O PS não acertou na estratégia que devia seguir desde o início, e isso não tem a ver com a sua liderança, tem a ver com o partido. Não era António José Seguro nem António Costa que faziam a diferença, eram, de facto, todos os senhores deputados e dirigentes do PS que escolheram uma estratégia socialista errada desde o princípio”, disse Pedro Passos Coelho.
Ao i, Álvaro Beleza, membro da direcção de Seguro, diz que “as sondagens valem o que valem” e apela à união: “Portugal precisa de um governo socialista para sair de uma situação difícil. Épreciso mais do que nunca estarmos unidos.” Outro segurista, Miguel Laranjeiro, acredita que “é possível vencer com maioria absoluta. Épreciso convencer os indecisos”, diz ao i. Ainda assim, o cenário apontado pelas sondagens preocupa os socialistas, que temem o efeito que possa ter no eleitorado mais hesitante nesta altura.
Sondagens e resultados A pouco menos de três meses das legislativas de 2011, as sondagens mostravam uma intenção de voto ligeiramente diferente da que viria a verificar-se em Junho – o suficiente para fazer pender algumas cadeiras de deputados. Na altura, as consultas realizadas em Março pela Eurosondagem, Aximage, Intercampus e Marktest apontavam para um resultado médio de 29,32% para o PS, 40,4% para PSD, 9,26% para CDS e 8,44% para a coligação liderada pelo PCP. O Bloco ficava-se por 7,62% das intenções médias de voto.
O CDS registou 2,44 pontos acima do que as sondagens indiciavam e o Bloco ficou abaixo na mesma dimensão. Já nos partidos do arco do poder, entre as sondagens de Março e os resultados do acto eleitoral, registou–se uma variação de 1,26 pontos, no caso do PS, e de 1,75 pontos no caso do PSD, ambos em baixa: o PS ficou-se pelos 28,06% nas eleições, contra os 29,32% de média de intenção de voto em Março, ao passo que o PSD recolheu 38,65% dos votos, contra os 40,4% das sondagens.
Em Março de 2011, a Universidade Católica (UCP)não publicou qualquer previsão. A 3 de Abril dava 33% ao PS e 39% ao PSD, e na seguinte, de 1 de Maio, já dava 36% ao PS e 34% ao PSD – afastando-se consideravelmente dos resultados finais.