José Gomes. O estádio do Estrela abre as portas para receber os heróis de 1990

José Gomes. O estádio do Estrela abre as portas para receber os heróis de 1990


Hoje é dia de festa na Amadora, a partir das 16h, com o Jogo das Estrelas entre Melo, Rui Neves, Rebelo, Barny, Ricardo, Basaúla, Lázaro, Pedro Xavier, Jorge Andrade, entre outros.


Última final da Taça de Portugal sem os três grandes? Um-zero do Beira-Mar aoCampomaiorense em 1999. E penúltima? Dois-zero do Estrela ao Farense – neste caso, até é finalíssima.

É um domingo, 3 de Junho de 1990. O dia em que o avançado egípcio Hossan Hassan assina pelo PAOKe escapa-se a Sousa Cintra, presidente doSporting. O dia em que o búlgaro HristoStoitchkov certifica-se como melhor marcador da Europa, com um golo (o 38.º da época) aoSlavia Sofia peloSCKASofia. O dia em que oSalgueiros sela a subida à 1.ª com 2-1 em Espinho, o então líder da Zona Centro. O dia em que o Benfica Castelo Branco despede Félix Mourinho. O dia em que o bolivianoErwinSánchez dá a vitória ao Benfica vs. Petro, em Luanda.

O dia em que o Estrela levanta a Taça de Portugal. O treinador JoãoAlves dá o onze da ordem: Melo; Rui Neves, Duílio e Barny; Chico Oliveira; Rebelo, Bobó e Nélson Borges; Ricardo,Baroti e Paulo Bento. É precisamente este último quem solta o primeiro grito de golo no Jamor, aos 30 minutos.Segue-se o 2-0, através de Ricardo, num monumental e bem anunciado chapéu a Lemajic aos 63’.

Ora bem, isso é muito do antigamente. Para ser mais preciso, 25 anos. É muito. Um quarto de século. Precisamente por isso, o Estádio José Gomes é hoje palco do Jogo das Estrelas, às 16 horas. O sol vai estar a pique (35 graus) e a entrada é livre. Agora escolha. De presenças mais que confirmadas, habemus Melo, Rui Neves, Rebelo, Barny, Ricardo, Basaúla, Pedro Xavier, Lázaro, Jorge Andrade, Renato, Paulo Ferreira, entre outros. Todos eles ilustres, os da gloriosa época 1989-90 e os outros, daí para a frente. Em dúvida, AbelXavier.De fora, Duílio, Ricky, Nélson (todos no Brasil), Chainho, Dimas e Paulo Bento. Este último faz anos, 46 para sermos mais exactos. Tem 21 no dia da Taça, portanto. Tal como Ricardo, o do 2-0. É só juventude ali no ataque, a contrastar com os 40 anos do guarda-redes Melo.

A mescla é uma mistura bem sucedida por JoãoAlves, o mestre das Taças. Esta é a quinta, a primeira como treinador – as outras quatro divide-as por Boavista e Benfica, sempre com as luvas pretas. Desta vez, João tem as mãos à mostra. E gesticula imenso. É a emoção da Taça, diz ao i. “Grande dia. Muito empenho, muita seriedade e um Jamor a abarrotar, com invasão maciça dos adeptos dos dois clubes e até de outros.”

Então? “Eu bem vi bandeiras do Sporting e do Benfica misturadas com as do Estrela da Amadora. Foi a verdadeira festa da Taça. Um momento digno do futebol português.”

João Alves é levado em ombros nesse final de tarde. E hoje? Não será assim, porque o treinador não vai estar no José Gomes, um estádio sem emoção de um jogo com seniores desde 2 de Maio de 2010 (derrota do Estrela com o Real por 1-0). Se nos centrarmos na 1.ª divisão, então, o hiato temporal é maior ainda: 1-0 de Anselmo aos 90’+2 vs. Vitória de Guimarães.
Voltamos a João Alves para a final de 1990. “Lembro-me bem de uma tarja enorme em que se lia “João Alves para Primeiro-Ministro”, embora não me lembre se estávamos perto das eleições. E de uma cena inesquecível cá fora, depois de levantarmos a Taça, com os motards de Faro, que eram sei lá quantos, a fazerem um corredor gigantesco e a aplaudirem à medida que o autocarro do Estrela passava por eles. Até me arrepio todo só de recuar no tempo e rever esse episódio.”

E o outro lado, o do Farense? “O treinador era o Paco Fortes.Estava sempre eléctrico, aos pulos, com a cara vermelha de tanto barafustar, mas era competentíssimo. Cheguei a defrontá-lo como jogador em Espanha: eu no Salamanca, ele no Barcelona. Impagável.” Sem dúvida.Como a tarde de hoje no José Gomes, um estádio célebre por ser a casa doEstrela, um clube célebre por ser a casa do actual campeão nacional (Jorge Jesus) e seleccionador (Fernando Santos). É ele aliás quem abrilhanta o currículo dos amadorenses na época 97-98, entre os meses de Fevereiro e Maio, com vitórias sobre os três grandes (2-1 ao Porto, 2-1 aoSporting e 2-0 ao Benfica). Grande, enorme, gigante. Quase como o de 1990. Naquele 3 de Junho de 1990, cada jogador doEstrela encaixa 600 contos de prémio. Hoje, o prémio é a confratenização. Bonito. É de ir.