O cerco a Atenas


Portugal, no seu pequenino castelo, agiganta-se e fala também alto nas ameaças aos que não cumprem, parecendo não perceber que, a seguir a Atenas, o cerco será montado a Lisboa.


© Yannis Koselidis/EPA

Nas guerras medievais nunca se percebia quem tinha verdadeiramente razão, mas o mais forte acabava sempre por cercar o mais importante castelo do inimigo, tentando vencer pela fome e pela peste quem resistia.

A história está cheia de exemplos e lendas dos que tombaram e dos muitos que conseguiram vencer o cerco, abrindo novas portas e descobrindo improváveis aliados. Nos nossos dias, as guerras não se fazem com cavalos e catapultas, mas os cercos acabam por ser ainda uma das melhores tácticas dos mais fortes quando tentam vergar quem resiste, com ou sem razão.

Atenas já percebeu que a saída para o braço-de-ferro com Bruxelas e com o FMI é demasiada estreita e tenta agora acenar, do alto do castelo, com o que poderá acontecer à incerta economia de uma zona euro com muito poucas fundações para resistir a mais uma tempestade, ao mesmo tempo que abre uma larga janela para leste.

Tsipras joga esta última carta numa época de campanha eleitoral em que uma eventual vitória dos gregos provaria que poderá haver mesmo outro caminho para esta pouco solidária Europa.

Portugal, no seu pequenino castelo, agiganta-se e fala também alto nas ameaças aos que não cumprem, parecendo não perceber que, a seguir a Atenas, o cerco será montado a Lisboa, que dificilmente se segurará com uma subida demasiado previsível das taxas de juro, derretendo facilmente uma economia que começa só agora a crescer, pouco acima de um por cento. 

Os de Atenas poderão abrir uma nova e larga porta para leste e construir uma parceria com a Rússia, seguindo outro caminho. Portugal tem apenas a Espanha, no mesmo barco, a quem pedir ajuda num eventual cerco.

As estratégias de campanha até se poderão entender, mas pelo menos não se assumam como salvadoras de uma pátria onde quem manda verdadeiramente poderá estar entre os que vão montar o cerco ao nosso castelo, logo depois de se decidir quem levanta a bandeira em Atenas.

Jornalista RTP
Coordenador Jornal 2 – RTP2
Escreve à sexta-feira

O cerco a Atenas


Portugal, no seu pequenino castelo, agiganta-se e fala também alto nas ameaças aos que não cumprem, parecendo não perceber que, a seguir a Atenas, o cerco será montado a Lisboa.


© Yannis Koselidis/EPA

Nas guerras medievais nunca se percebia quem tinha verdadeiramente razão, mas o mais forte acabava sempre por cercar o mais importante castelo do inimigo, tentando vencer pela fome e pela peste quem resistia.

A história está cheia de exemplos e lendas dos que tombaram e dos muitos que conseguiram vencer o cerco, abrindo novas portas e descobrindo improváveis aliados. Nos nossos dias, as guerras não se fazem com cavalos e catapultas, mas os cercos acabam por ser ainda uma das melhores tácticas dos mais fortes quando tentam vergar quem resiste, com ou sem razão.

Atenas já percebeu que a saída para o braço-de-ferro com Bruxelas e com o FMI é demasiada estreita e tenta agora acenar, do alto do castelo, com o que poderá acontecer à incerta economia de uma zona euro com muito poucas fundações para resistir a mais uma tempestade, ao mesmo tempo que abre uma larga janela para leste.

Tsipras joga esta última carta numa época de campanha eleitoral em que uma eventual vitória dos gregos provaria que poderá haver mesmo outro caminho para esta pouco solidária Europa.

Portugal, no seu pequenino castelo, agiganta-se e fala também alto nas ameaças aos que não cumprem, parecendo não perceber que, a seguir a Atenas, o cerco será montado a Lisboa, que dificilmente se segurará com uma subida demasiado previsível das taxas de juro, derretendo facilmente uma economia que começa só agora a crescer, pouco acima de um por cento. 

Os de Atenas poderão abrir uma nova e larga porta para leste e construir uma parceria com a Rússia, seguindo outro caminho. Portugal tem apenas a Espanha, no mesmo barco, a quem pedir ajuda num eventual cerco.

As estratégias de campanha até se poderão entender, mas pelo menos não se assumam como salvadoras de uma pátria onde quem manda verdadeiramente poderá estar entre os que vão montar o cerco ao nosso castelo, logo depois de se decidir quem levanta a bandeira em Atenas.

Jornalista RTP
Coordenador Jornal 2 – RTP2
Escreve à sexta-feira