O Novo Banco teve um prejuízo de 497,6 milhões de euros em 2014, mais 30 milhões que o valor reportado pela instituição em Março. O ajustamento resulta da auditoria que foi realizada pela PwC às contas da instituição, auditoria que já reflecte as decisões entretanto tomadas pelo Banco de Portugal.
No documento, que foi libertado anteontem ao final da noite pelo regulador dos mercados, a auditora chama ainda a atenção para o risco de aumento de litigância. “Considerando que a criação do banco resulta da aplicação de uma medida de resolução ao BES, a qual originou impactos relevantes em terceiros, é significativo o risco de litigância envolvendo o Novo Banco”, lê-se no relatório e contas (R&C)da instituição liderada por Eduardo Stock da Cunha.
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No mesmo sentido, a auditora detalha no mesmo R&Cque estes riscos advêm da “definição do perímetro de activos, passivos, elementos extrapatrimoniais e activos sob gestão para este transferidos”. Aisto acresce o facto do Banco de Portugal ainda poder continuar a transferir património entre BES – o banco que ficou com os activos tóxicos – e o Novo Banco (NB), o que aumenta o grau de incerteza em relação aos activos que realmente ficarão na instituição nascida em Agosto do ano passado, uma vez que terão sempre “impactos nas demonstrações financeiras do banco”.
Elevado Crédito em risco Numa altura em que o NB adoptou uma agressiva corrida à concessão de crédito, as contas revelam que talvez seja preciso ir com algum cuidado. O rácio de crédito em risco da instituição está em 16,5%, acima da média dos outros bancos nacionais à excepção do Banif, cujo rácio de crédito em risco está acima de 20%. O indicador mede os contratos de crédito que, não sendo ainda imparidades, apresentam um risco alto de o vir a ser. No final de 2014, BPI e Santander registavam um rácio de crédito em risco na casa dos 5%, enquanto na Caixa Geral de Depósitos eno BCP este rondava os 12%. Note-se, porém, que a CGD é o banco que mais crédito à habitação concede, e que o BCP é o maior banco privado do país.
Tudo somado, os riscos do NB parecem ter subido em várias frentes entre Março e Junho, numa altura em que a venda da instituição já está na penúltima fase – em que os potenciais compradores apresentam propostas vinculativas, podendo haver lugar a negociação e à exclusão de propostas. A quarta fase é a da escolha do vencedor da corrida ao Novo Banco. Sem haver confirmação oficial, sabe-se que na corrida estarão o espanhol Santander, os chineses da Fosun e da Anbang Insurance e os norte-americanos da Apollo e da Cerberus. ONB recebeu uma injecção de capital no valor de 4,9 mil milhões e qualquer oferta abaixo desse valor terá que ser compensada pelo Fundo de Resolução.