O Brasil está em polvorosa. Mais uma operação relacionada com o caso Lava Jato levou à detenção dos presidentes de duas das maiores construtoras do país, a Odebrecht, de Norberto Odebrecht, e a Andrade Gutierrez, de Otávio Azevedo. São suspeitos de corrupção e da formação de cartel, escreve o Estado de S. Paulo na sua edição online. Foram também presos vários directores das duas construtoras, na mesma operação.
A operação Lava Jato, que se iniciou em Março do ano passado, investiga um esquema milionário de lavagem de dinheiro que envolve, também, a Petrobras. A Polícia Federal brasileira confirmou, em conferência de imprensa, que nove dos 12 mandatos de prisão preventiva já foram efectuados, e que esta fase da operação inclui ainda 59 mandatos judiciais de busca e apreensão.
Todos os detidos deverão ficar em Curitiba, onde estão a decorrer as investigações, sob a direcção do juiz federal Sérgio Moro.
A Odebrecht também já confirmou oficialmente as buscas de que foi alvo. "Como é de conhecimento público, a Construtora Noerberto Odebrecht (CNO) entende que estes mandados são desnecessários, uma vez que a empresa e seus executivos, desde o início da operação Lava Jato, sempre estiveram à disposição das autoridades para colaborar com as investigações", cita o Globo online. A Andrade Gutierrez já libertou também uma nota afirmando que está a acompanhar as diligências e a prestar todo o apoio aos executivos que foram detidos na operação.
"A empresa informa ainda que está colaborando com as investigações no intuito de que todos os assuntos em pauta sejam esclarecidos o mais rapidamente possível. A Andrade Gutierrez reitera, como vem fazendo desde o início das investigações, que não tem ou teve qualquer relação com os fatos investigados pela Operação Lava Jato, e espera poder esclarecer todas os questionamentos da Justiça o quanto antes".
Dezenas de detidos
No âmbito desta investigação já foram detidos dezenas de suspeitos, nomeadamente Alberto Yousseff, acusado de ser o líder de todo o esquema de lavagem de dinheiro, e Paulo Roberto Costa, antigo director de Abastecimento da petrolífera estatal.
Mas as construtoras não são as únicas alvo de várias denúncias que foram chegado a Sérgio Moro. Estão ainda a ser investigadas as a Sanko-Sider, a Mendes Júnior, a OAS, a Galvão Engenharia e a Engevix, partidos políticos e vários agentes públicos.
O esquema funcionava da seguinte forma: vários dirigentes da Petrobras direccionavam os contratos às construtoras em troca de subornos. O núcleo económico do esquema super-facturava as obras, desviando parte do valor inflaccionado para subornos. Esse dinheiro era então passado por um núcleo financeiro que o fazia chegar aos empresários e a políticos. Esses políticos garantiam que os directores da Petrobras eram indicados pelos partidos envolvidos no esquema, de forma a garantir que o esquema não era descoberto, e recebiam uma percentagem da operação.
O antigo director da Petrobras, Paulo Roberto Costa, admitiu junto das autoridades que indicado para o cargo pelo então líder do Partido Progressista (PP), José Janene, que foi réu do mensalão e que entretanto faleceu em 2010.