© Yannis Kolesidis/EPA
A saída iminente da Grécia deixa a União Europeia mais pobre. Não tanto pela dívida que os gregos se vão abster de pagar, mas porque a Europa (palavra e conceito) foi uma invenção helénica e o Velho Continente não seria o mesmo sem a contribuição, em múltiplos domínios, da Antiguidade clássica.
Mas a visão histórica e geopolítica pouco importa aos gestores financeiros e burocratas que mandam na Europa e, portanto, está na hora de mostrar ao mundo que quem não paga é um sem-abrigo. Aos gregos, isso já pouco importa.
Perdidos por cem, perdidos por mil, e há-de haver vida depois do euro. Já fora da moeda única, repudiada a dívida externa e emitindo uma nova divisa, a economia grega vai reflorescer em meia dúzia de anos e mostrar que, afinal, mais vale só que mal acompanhado.
O exemplo consolidará outros movimentos antieuro e deixará os alemães e franceses cada vez mais sozinhos. Até já os britânicos se preparam para um farewell glorioso à União Europeia. Foi bom enquanto durou, mas o sonho de uma Europa única é impossível.
As culturas do norte e do sul europeus são tão impenetráveis entre si como a água e o azeite. Os três ramos do cristianismo – católicos, protestantes e ortodoxos – estão condenados a reagruparem-se em unidades políticas distintas.
Quer dizer, em portugueses, espanhóis, italianos, franceses e irlandeses, por um lado; alemães e nórdicos ao centro; gregos, eslavos e russos a oriente; e a ilha britânica, sempre singular.
Os casamentos só duram uma eternidade quando há amor. E o projecto europeu era uma coisa mais de conveniência. Rest in peace.
Escreve à sexta-feira