Redes sociais exclusivas. Nestes clubes só entram ricos, inteligentes ou poderosos

Redes sociais exclusivas. Nestes clubes só entram ricos, inteligentes ou poderosos


Ser milionário, gestor de topo ou influente são requisitos para fazer parte das redes sociais em que só entram os seleccionados.


Ter milhões na conta bancária ou um bom cargo numa empresa são luxos ao alcance só de uma minoria. São, porém, esses alguns dos requisitos para fazer parte de redes sociais menos conhecidas dos cibernautas – são clubes virtuais exclusivos ligados ao mundo dos negócios, ao luxo, ao glamour e, imagine-se, até à inteligência.

São conhecidas apenas em meios restritos e servem sobretudo para promover encontros e eventos em várias partes do mundo. É o caso da Inner Circle, da Asmallworld e da ainda mais exclusiva ELQT, que junta milionários em eventos cuidadosamente seleccionados como fins-de-semana em hotéis de luxo, jantares e cocktails privados. Menos restritiva e sem qualquer requisito bancário, mas impondo mínimos de inteligência, a Intelligent People é outra rede social que não aceita o perfil de toda a gente: só dos que têm um QI acima da média.

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Ao contrário do Facebook, do Instagram ou do Twitter, acessíveis a qualquer um e sem quaisquer limites – desde que não se violem certos princípios relacionados com o conteúdo, como não usar imagens ofensivas ou pornográficas – estas redes de elite não estão abertas às massas. Significa isto que não é qualquer um que pode entrar nestas redes. Abrir uma conta e preencher a ficha com os dados pessoais não chega para entrar nestes clubes.

Para fazer parte de redes como Inner Circle ou Asmallworld será necessário primeiro passar por vários crivos, de avaliações financeiras, curriculares e profissionais à situação familiar do candidato. A entrada está longe de ser imediata; terá de ser sempre validada pela equipa que gere a rede e em muitos casos acontece por convite. Há ainda algumas redes que cobram quotas anuais ou inscrições que podem atingir os 3 mil euros.

Uma vez dentro do clube é todo um mundo de luxo e glamour que se abre: eventos exclusivos em cidades europeias da moda como Paris, Londres ou Milão, partilha de experiências de viagem e de interesses comuns num círculo fechado em que se poderá por exemplo ser surpreendido com a presença de estrelas de Hollywood.

Tendências Segmentar as redes sociais é a tendência dos novos tempos, explica Carlos Coelho, especialista em marcas e marketing. O futuro passa portanto por direccionar estes clubes virtuais para grupos de interesses específicos. Estas novas redes, no entanto, não podem ser totalmente fechadas aos utilizadores: “Têm de ter um suporte social, como todos os grupos que emergem da rede social mais universal de todas, o Facebook, e aos quais as marcas estão sempre muito atentas”, explica.

Se o objectivo é criar uma moda à escala universal, as redes que se fecham muito sobre si próprias não têm de maneira nenhuma um grande futuro, defende ainda Carlos Coelho. Podem ser um “reflexo ou um indicador da estratificação social que existe num contexto mais abrangente”, mas “não são de modo nenhum espelhos da realidade”, e como tal nunca poderão alcançar a dimensão de outras redes sociais que entretanto se popularizaram no mundo inteiro.

O especialista em marcas está convencido de que que ao barrar a entrada à maioria, as redes de nicho funcionam como fortalezas, e consequentemente quebram um princípio básico da internet: permitir o acesso a qualquer pessoa, independentemente da sua condição social ou financeira. “Não passam de clubes restritos que usam a internet para se conectar”, defende o especialista, concluindo que “chamar-lhes redes sociais faz parte de uma estratégia para lhes conferir um estatuto e uma abrangência maior, uma dimensão social que na realidade não têm”.