Mais de um terço das relações homossexuais entre homens são desprotegidas

Mais de um terço das relações homossexuais entre homens são desprotegidas


Mais de um terço dos homens que praticam sexo com outros homens, em Portugal, assume já ter tido relações ocasionais sem preservativo.


Apesar de ter sido realizado em 2010, só agora foi divulgado. É o maior inquérito português feito a homens que têm relações sexuais com outros homens e revela que mais de um terço dos inquiridos assume já ter tido relações ocasionais sem preservativo.

O estudo foi levado a cabo pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), em conjunto com o Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA (GAT).

As conclusões apontam que mais de metade da amostra de 5.187 participantes “referiu ter tido sexo com parceiros ocasionais” no ano anterior (2009), enquanto quatro em cada 10 estavam numa relação estável no momento da resposta.

A investigadora Ana Fernandes Martins revela ainda que “mais de metade da amostra disse ter sido vítima de algum tipo de violência – tanto intimidação como violência física e verbal”.

O comunicado do ISPUP enviado à imprensa indica também que “em relações ocasionais, e pelo menos uma vez” no ano anterior ao inquérito, 37,2% admitiram não ter usado preservativo.

A investigadora do ISPUP realça, no entanto, que não se pode considerar o estudo representativo da população portuguesa, uma vez que os inquiridos participaram depois de divulgação feita através de blogues, redes sociais e eventos dirigidos a um público de homens que têm sexo com homens.

As conclusões do estudo não são para a investigadora uma total surpresa, considerando “baixa esta proporção de homens que dizem não usar preservativo”. “Claro que o que nós continuamos a pensar é que talvez haja uma menor aceitabilidade dos métodos de prevenção”, acrescenta Ana Fernandes Martins, sublinhando que talvez se esteja “no caminho errado quanto à promoção da saúde” e da necessidade do preservativo.

Ana Fernandes Martins afirma que os dados apontam no sentido da continuação da existência de “estigma como auto-estigma, quando o próprio participante refere estar ainda dentro do armário, não falar com as redes próximas acerca da orientação sexual”.

“Cerca de um em cada cinco dos participantes desconhecia o seu estatuto serológico para a infeção pelo VIH, o que aponta para uma necessidade de aumentar a realização do teste na população de homens que têm sexo com homens”, realça a mesma investigadora.

O estudo em causa é o resultado do trabalho a nível nacional realizado no âmbito do projecto EMIS, desenvolvido em 38 países da região europeia da Organização Mundial de Saúde.

Com Lusa