O ex-ministro Mira Amaral apoia a candidatura de Henrique Neto à Presidência da República. Este destacado militante do PSD defende que Henrique Neto tem “uma visão clara” para Portugal e “conhece bem” o país. “Foi operário, gestor e empresário. Faz a síntese perfeita. Doutorou-se na escola da vida”, diz ao i Mira Amaral, que foi ministro de Cavaco Silva durante dez anos.
O ex-ministro da Indústria apoiou Passos Coelho nas últimas eleições legislativas, mas nestas presidenciais optou por apoiar um candidato que não tem ligação aos sociais-democratas, nem está ligado a nenhum partido político. Mira Amaral não se limita a elogiar Henrique Neto por ter “uma estratégia para o país” e ser um homem que conhece o mundo, como faz duras críticas à candidatura da Sampaio da Nóvoa. “Não tem nenhuma experiência de vida”.
E mais: o PS está a cometer “um erro crasso” ao apoiar Sampaio da Nóvoa, porque, se for eleito, o ex-reitor só servirá para “complicar a vida a qualquer” governo. “Será o pior Presidente da República que um governo pode ter”.
Mira Amaral conheceu Henrique Neto nos tempos do cavaquismo. Nessa altura, estavam em lados opostos: Mira Amaral era ministro da Indústria e Henrique Neto era o ministro sombra do PS para esse sector. “Ficámos amigos”, conta Mira Amaral. Os dois estiveram juntos, há um ano, no lançamento do manifesto “Por uma democracia de qualidade”, que reunia cerca de trinta personalidades em defesa de uma reforma do sistema político e de mais transparência no financiamento dos partidos políticos.
Henrique Neto foi o primeiro a apresentar a candidatura a Belém. Fê-lo no dia 25 de Março no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa e apanhou de surpresa quase toda a gente, inclusive o secretário-geral do PS, António Costa, que se limitou a dizer que esta candidatura lhe era “indiferente”. O anúncio foi mal recebido por alguns socialistas. O ex-ministro Augusto Santos Silva acusou-o de andar à procura de “15 minutos de fama” e alertou que existe “o risco de brindar a direita com uma enorme dispersão de votos à esquerda e que, sempre que os responsáveis se resguardam, os bobos ocupam a cena”. O deputado José Lello classificou-o como “o Beppe Grillo português”.
O agora candidato a Belém foi um dos principais críticos, no interior do PS, dos governos de José Sócrates. Numa carta aberta aos militantes do PS, há uma semana, Neto explicou que “não há interesse partidário que possa sobrepor-se à defesa coerente e exigente de uma vida melhor e mais digna” para os portugueses. “Não foram as minhas críticas que prejudicaram o PS.”, escreveu o candidato.
NOTÁVEIS Neto tem poucas caras conhecidas ao seu lado. Medina Carreira foi até agora um dos poucos notáveis a declarar-lhe apoio. “É um homem que viveu a política com intensidade desde jovem, tem uma larga experiência profissional, conhece o mundo. Tem uma grande visão e capacidade de análise da situação actual do país”, disse ao i o ex-ministro das Finanças, um dia antes de Henrique Neto anunciar a sua candidatura. Medina Carreira justificou ainda o seu apoio por se tratar “um homem seríssimo, franco e leal”.