“Ao contrário do que António Costa afirmou esta quarta-feira em entrevista, a dívida da Câmara Municipal de Lisboa (CML) não foi reduzida em 40%”. Foi assim que o vereador Fernando Seara reagiu às declarações de António Costa, em entrevista ao “Público”, afirmando que esse decréscimo só aconteceu através do “memorando de entendimento entre este governo e a CML”. Fernando Seara, que durante 12 anos foi presidente da Câmara Municipal de Sintra, e os vereadores do PSD e CDS, António Prôa e João Gonçalves Pereira, teceram duras críticas à governação do líder socialista.
“A grande medida ontem [quarta-feira] anunciada por Costa foi a de acabar com as assessorias privadas no Estado. Tem usado exemplos da sua governação em Lisboa, para dizer o que vai fazer no país. Isto é propaganda política”, afirmou Gonçalves Pereira que apontou vários exemplos de despesas da CML em consultorias externas. “No último orçamento, foram designados 2,2 milhões de euros para consultorias externas (em regime de outsourcing), por uma questão de rigor, o secretário-geral não deveria ter proferido as palavras que proferiu”.
Mas vai mais além deixando uma pergunta: “Durante o seu mandato pediu para que fosse feito um estudo externo sobre museus que custou ao município 19 mil euros. Existindo um departamento de cultura interno, não existem técnicos com essa capacidade dentro da administração pública?”. Os pareceres jurídicos externos da câmara foram também alvo de críticas por parte do vereador centrista, destacando um pedido de informação que fez em Novembro de 2014 sobre consultorias jurídicas externas ao município. “Pedi para que se esclarecesse os montantes gastos, passados oito meses ainda não tive resposta, mas enviarei novamente”, concluiu.
Já o vereador António Prôa resgatou as palavras de António Costa na altura em que concorreu à presidência do município em 2007. “Já nesse ano utilizou a expressão ‘rigor’, e voltou a fazê-lo ontem. Não existe nenhum documento oficial que comprove a redução da dívida em 40%”.