A guerra dos tronos


Poderá parecer quase estranho que uma série como “A Guerra dos Tronos” me tenha passado quase despercebida, chegando ao final da sua quinta temporada sem ter visto de forma integral qualquer dos 50 episódios.


Pessoalmente, sempre simpatizei com jogos, séries, filmes (e os livros que lhes deram origem) em que o percurso aventureiro das personagens, por entre a trama intrincada dos respectivos argumentos, se entrecruzasse com cenários fantásticos do domínio da ficção.

Feita tal ressalva, poderá parecer quase estranho que uma série como “A Guerra dos Tronos” me tenha passado quase despercebida, chegando ao final da sua quinta temporada sem ter visto de forma integral qualquer dos 50 episódios, apesar da ampla promoção de que a mesma foi alvo e das múltiplas referências com que me confrontei em diferentes contextos.

Eu, pecador, me confesso e não posso sequer invocar falta de disponibilidade ou desinteresse para atenuar a minha culpa por tal falha, que me coloca num estatuto de “cabo excluído” perante todos aqueles que discutem à minúcia as incidências de um episódio que parece ter instigado sentimentos exacerbados junto dos seguidores da série, tal o volume de circunstâncias que podem condicionar o seu de-senvolvimento futuro.

Alheio às especificidades dos enquadramentos, às pretensões e percursos dos protagonistas, às ligações familiares dos candidatos aos tronos e suas famílias e relacionados, sinto-me como um espectador de um jogo de futebol americano que, pese embora saiba que o objectivo final passa por concretizar o máximo de touchdowns (e somar os pontos inerentes), não consegue perceber o entusiasmo com que se vivem as três a quatro horas de disputa em que é transformada a hora regulamentar.

Desta feita, e por casualidade, posso corroborar que na parte mais extensa que acompanhei deste último episódio, fiquei com a mesma sensação com que se vivem alguns episódios das novelas do prime time em que, depois de semanas de marasmo, finalmente se descobre o malfeitor, se beija o casal adiado, nasce a criança e morre o vizinho.

Fora do ecrã, porém, o cenário não é muito distinto. Aproximando-se o final de mais uma temporada, o argumento vai seguindo aos repelões, à medida que os bons tardam em demonstrar convincentemente o mérito da sua conduta e os maus insistem em disfarçar criativamente a sua incapacidade.

No primeiro caso, porque as circunstâncias envolventes que poderiam apoiar tal constatação vão evoluindo também de forma muito paulatina, retardando as evidências. No segundo, porque o escrutínio à viabilidade, à coerência ou à legitimidade dos cenários aventados jamais poderá ser efectuado por antecipação, dando azo a uma multiplicidade de promessas que se transformam em actos de fé que só os eleitores poderão avalizar.

Ao lado, noutra série que caminha para o final, a multiplicidade de protagonistas típicos quase consegue disfarçar a ausência de algumas das personagens principais, que tardam em fazer a sua aparição na antecâmara da nova temporada.
Segundo parece, aguardam-se desenvolvimentos na série vizinha, que viverá essa viragem de temporadas em momento anterior, lá para o mês de Outubro, enquanto esta outra ainda perdura até Janeiro de 2016.

No ínterim, algumas das personagens vão conhecendo os cenários, como ontem aconteceu em Braga, num bom exemplo de pluralismo e cultura democrática.

Mas, se os últimos episódios prometem ser bem mais efervescentes, não seria possível dar já outra dinâmica aos argumentos, de forma a que o interesse dos espectadores-eleitores fosse bem superior em ambos os programas? 

Presidente da Câmara de Braga
Escreve à quinta-feira

A guerra dos tronos


Poderá parecer quase estranho que uma série como “A Guerra dos Tronos” me tenha passado quase despercebida, chegando ao final da sua quinta temporada sem ter visto de forma integral qualquer dos 50 episódios.


Pessoalmente, sempre simpatizei com jogos, séries, filmes (e os livros que lhes deram origem) em que o percurso aventureiro das personagens, por entre a trama intrincada dos respectivos argumentos, se entrecruzasse com cenários fantásticos do domínio da ficção.

Feita tal ressalva, poderá parecer quase estranho que uma série como “A Guerra dos Tronos” me tenha passado quase despercebida, chegando ao final da sua quinta temporada sem ter visto de forma integral qualquer dos 50 episódios, apesar da ampla promoção de que a mesma foi alvo e das múltiplas referências com que me confrontei em diferentes contextos.

Eu, pecador, me confesso e não posso sequer invocar falta de disponibilidade ou desinteresse para atenuar a minha culpa por tal falha, que me coloca num estatuto de “cabo excluído” perante todos aqueles que discutem à minúcia as incidências de um episódio que parece ter instigado sentimentos exacerbados junto dos seguidores da série, tal o volume de circunstâncias que podem condicionar o seu de-senvolvimento futuro.

Alheio às especificidades dos enquadramentos, às pretensões e percursos dos protagonistas, às ligações familiares dos candidatos aos tronos e suas famílias e relacionados, sinto-me como um espectador de um jogo de futebol americano que, pese embora saiba que o objectivo final passa por concretizar o máximo de touchdowns (e somar os pontos inerentes), não consegue perceber o entusiasmo com que se vivem as três a quatro horas de disputa em que é transformada a hora regulamentar.

Desta feita, e por casualidade, posso corroborar que na parte mais extensa que acompanhei deste último episódio, fiquei com a mesma sensação com que se vivem alguns episódios das novelas do prime time em que, depois de semanas de marasmo, finalmente se descobre o malfeitor, se beija o casal adiado, nasce a criança e morre o vizinho.

Fora do ecrã, porém, o cenário não é muito distinto. Aproximando-se o final de mais uma temporada, o argumento vai seguindo aos repelões, à medida que os bons tardam em demonstrar convincentemente o mérito da sua conduta e os maus insistem em disfarçar criativamente a sua incapacidade.

No primeiro caso, porque as circunstâncias envolventes que poderiam apoiar tal constatação vão evoluindo também de forma muito paulatina, retardando as evidências. No segundo, porque o escrutínio à viabilidade, à coerência ou à legitimidade dos cenários aventados jamais poderá ser efectuado por antecipação, dando azo a uma multiplicidade de promessas que se transformam em actos de fé que só os eleitores poderão avalizar.

Ao lado, noutra série que caminha para o final, a multiplicidade de protagonistas típicos quase consegue disfarçar a ausência de algumas das personagens principais, que tardam em fazer a sua aparição na antecâmara da nova temporada.
Segundo parece, aguardam-se desenvolvimentos na série vizinha, que viverá essa viragem de temporadas em momento anterior, lá para o mês de Outubro, enquanto esta outra ainda perdura até Janeiro de 2016.

No ínterim, algumas das personagens vão conhecendo os cenários, como ontem aconteceu em Braga, num bom exemplo de pluralismo e cultura democrática.

Mas, se os últimos episódios prometem ser bem mais efervescentes, não seria possível dar já outra dinâmica aos argumentos, de forma a que o interesse dos espectadores-eleitores fosse bem superior em ambos os programas? 

Presidente da Câmara de Braga
Escreve à quinta-feira