Parlamento Europeu. Marine Le Pen cria novo grupo “para destruir UE a partir de dentro”

Parlamento Europeu. Marine Le Pen cria novo grupo “para destruir UE a partir de dentro”


Chama-se Europa das Nações e das Liberdades e vai incluir a Frente Nacional francesa.


É a líder da extrema-direita francesa quem vai estar à frente da nova família política do Parlamento Europeu (PE) ontem apresentada em Bruxelas – o partido Europa das Nações e das Liberdades que integra, à partida, 37 eurodeputados e que Marine Le Pen diz ter sido criado para denunciar “as infâmias” de Bruxelas. “É uma resposta implacável para combater a Comissão Europeia e as suas infâmias”, disse a francesa, cuja Frente Nacional (FN) de extrema-direita conseguiu eleger 24 eurodeputados nas eleições europeias de Maio de 2014. Ao apresentá-lo, Le Pen sublinhou que o nascimento do oitavo grupo político do PE desmente os que duvidavam da utilidade em Bruxelas da FN, que se auto–intitula eurofóbica e anti-imigração e que diz pretender defender a “soberania dos países” através de um “grupo forte, unido e ambicioso

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Para formar um grupo político no PE são precisos pelo menos 25 eurodeputados de sete nacionalidades diferentes. Com os aliados clássicos da FN nesta nova legislatura – o Partido da Liberdade (Holanda), a Liga Norte (Itália) e o flamengo Vlaams Belang (Bélgica) –, Le Pen garantia o número-base de eurodeputados, mas não a diversidade necessária de nacionalidades. Mas depois de um ano intenso de negociações nos corredores de Bruxelas e Estrasburgo, conseguiu chamar a si eurodeputados de outros países, o     que lhe permitiu anunciar o novo grupo para “destruir a União Europeia a partir de dentro”.

Destruir a UE “Estamos aqui pelos nossos povos, pelas suas liberdades”, disse a francesa no anúncio oficial da constituição do grupo. “AUnião Europeia não é o caminho certo. Vamos destruí-la a partir de dentro. Vamos manter-nos senhores das nossas fronteiras, da nossa moeda, das nossas leis. O início da libertação é aqui e agora. Este é um dia histórico, um momento histórico!”, clamou aos jornalistas na capital belga e epicentro da União Europeia.

Segundo fontes em Bruxelas, o que permitiu a criação do grupo foi o afastamento da FNde dois dos seus membros por anti-semitismo: o pai de Marine e antigo líder do partido de extrema-direita francês, Jean-Marie Le Pen, e o seu leal apoiante Bruno Gollnisch. Isso abriu caminho à entrada de dois eurodeputados polacos e de uma dissidente do UKIP britânico – outro dos partidos nacionais antieuropeístas e anti-imigração a alcançar importantes ganhos nas últimas eleições europeias. As negociações com quatro deputados do Congresso da Nova Direita polaca e um deputado nacionalista búlgaro, por sua vez, fracassaram.

ÀReuters, o vice-presidente da FN, Florian Philippot, explicou que “eram cinco [nacionalidades] mas [que] foi possível acrescentar duas ao grupo”. As cerejas no topo do bolo anti-imigração e anti-UE foram a eurodeputada britânica e dissidente do UKIP Janice Atkinson e Michal Marusik e Stanislaw Zoltek, polacos do KNP que Le Pen diz terem “claramente cortado” com Janusz Korwin-Mikke, o antigo presidente desse partido de extrema-direita.

Eurocépticos crescem Com o novo Europa das Nações e das Liberdades, o PE conta agora com dois grupos anti-UE e anti-imigração, no que alguns analistas dizem ser uma Europa a saque. O novo grupo político de Le Pen vem juntar-se ao Europa da Liberdade e da Democracia Directa, que Nigel Farage, líder do UKIP, conseguiu criar após uma curta dissolução do mesmo em Outubro, devido à saída de uma deputada letã.

O nascimento do novo grupo parlamentar europeu garante o reforço das pretensões das extremas-direitas da UE num dos palcos de decisões das políticas comuns. Ter um grupo político próprio não só garante reconhecimento oficial e permite aos seus eurodeputados integrarem comissões e subcomissões parlamentares como também abre a porta a milhões de euros em subvenções.

Fonte do PE disse à AFPque, no caso do Europa das Nações e das Liberdades, os eurodeputados deverão receber um total de 17,5 milhões até ao final da sua legislatura (que, a ser cumprida, será concluída em 2019), a juntar a 4,4 milhões para financiar o seu secretariado; serão disponibilizados ao partido entre 20 e 25 funcionários. Para já fica afastada a possibilidade de os eurodeputados do novo grupo presidirem a comités, já que para isso é necessário um mínimo de entre 40 e 50 membros.