Foi só um jogo particular mas sentiu-se o peso da história nos últimos minutos, enquanto a Itália sufocava Portugal com oportunidades e Beto brilhava na baliza. Em jogo estava o fim de uma maldição de 39 anos sem que a selecção nacional tivesse conseguido levar a melhor sobre a squadra azzurra.
Sim, era só um particular. Sim, não havia muito em jogo para Portugal (a Itália tinha um lugar como cabeça-de-série na qualificação para o Mundial-2018 em risco). Mas a vitória foi importante e entrou para a história também de Éder, que marcou o primeiro golo como internacional.
Fernando Santos prometera que não ia fazer muitas alterações mas esteve longe de cumprir. Beto, José Fonte, Danilo, Quaresma, Varela e Éder surgiram no onze inicial em Genebra e demoraram a carburar dentro de campo, frente a uma Itália mais solícita a procurar a baliza lusitana.
Ainda sem grandes oportunidades, o jogo ficou marcado pela lesão de Fábio Coentrão, ainda antes da meia hora. Exactamente um ano depois de ter sido substituído durante a segunda parte do Portugal-Alemanha com uma “lesão muscular de grau II no adutor da coxa direita”, o lateral do Real Madrid agarrou-se novamente à perna direita e precipitou a entrada de Eliseu, que acabaria por ter um papel fundamental no lance do golo.
Mas antes houve mais. El Shaarawy teve o primeiro remate perigoso aos 27 minutos e a resposta de Portugal não se fez esperar. Éder estava com vontade de mostrar trabalho e aproveitou uma recepção falhada de Sirigu para roubar a bola ao guarda-redes e oferecer o golo a Varela. Mas o extremo, com a baliza aberta, não conseguiu ter sucesso e permitiu um corte numa tentativa que não foi na direcção do golo.
A Itália estava incaracterística, pelo menos naquela noção romântica do futebol em que o futebol transalpino é sinónimo de defesas impecáveis e eficácia letal no ataque. Logo a seguir, a teoria caiu por terra: João Moutinho aproveitou um passe falhado italiano para rematar em posição frontal. Mas a tentativa saiu tão frouxa que o intervalo surgiu como castigo merecido.
A segunda parte teve um início semelhante. Entrou melhor a Itália, com Soriano e Bonucci a somarem oportunidades nos primeiros cinco minutos, mas reagiu Portugal. E desta vez com golo. Eliseu desenvencilhou-se de dois adversários no meio-campo defensivo, lançou Quaresma e viu este assistir para o primeiro golo de Éder na equipa principal.
A ganhar, Portugal continuou a bom ritmo. Adrien tentou a sorte logo a seguir e depois FernandoSantos permitiu a estreia a DanielCarriço. A Itália tentou tudo para evitar o desaire, especialmente nos últimos minutos, mas Beto foi insuperável.
Assim, 39 anos depois, Portugal voltou a vencer a Itália. E 2015 entrou na lista de anos que sorriram a Portugal, depois de 1925, 1928, 1957 e 1976.
