O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, afirmou hoje que o banco estatal brasileiro BNDES tem intenção de se juntar ao consórcio vencedor da privatização da TAP, mas realça que não está em causa a liderança nacional.
“No agrupamento Gateway há uma carta sobre a intenção do BNDES de olhar para a possibilidade de participar na operação o que é importante, porque é um novo credor ou acionista, mas a companhia é sempre liderada por um empresário nacional”, afirmou o governante, referindo-se à posição de 51% do empresário português Humberto Pedrosa no consórcio vencedor.
Em declarações aos jornalistas, Sérgio Monteiro garantiu que “a entrada do Estado brasileiro nunca pode ser a prejuízo do accionista português que assegura a maioria do capital europeu que é uma imposição das regras de Bruxelas”.
“Quando muito implicaria uma redução do capital do acionista industrial David Neeleman e nunca poria em causa a liderança do empresário português no consórcio que apresentou a proposta selecionada pelo Governo”, acrescentou à margem da "Conferência Portugal-Timor Leste", na Assembleia da República.
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Sérgio Monteiro deixou ainda “uma palavra à oposição, que diz que a venda da empresa se compara a transações do mercado futebolístico”, questionando se “não era essa mesmo oposição que defendia que o importante era assegurar capital para a empresa”.
O governante rejeitou ainda as críticas ao secretismo e falta de transparência, feitas pelo PS, considerando que os principais tópicos já foram divulgados e que o contrato só ainda não é conhecido, porque ainda não foi assinado.
“Há uma minuta, mas [o contrato] não está ainda assinado”, concluiu, referindo que todos os documentos serão enviados para o Tribunal de Contas.
O consórcio Gateway, que integra o empresário norte-americano David Neeleman (49%) e o empresário português Humberto Pedrosa (51%), propõe-se a pagar um valor mínimo de 354 milhões de euros pelo grupo, mas este montante pode subir para 488 milhões de euros, dependendo da 'performance' financeira da empresa ao longo de 2015.
O consórcio compromete-se a capitalizar a empresa com 338 milhões de euros e a pagar dez milhões de euros ao Estado, dos quais dois milhões serão já pagos na assinatura do contrato de compra e venda, que deverá acontecer ainda em junho, e o restante no fecho da venda.
Depois se exercer a opção de compra, dos 34% que ficam na mão do Estado, receberá entre 6 e 50 milhões de euros, em função dos resultados da empresa em 2015.
Se houver uma dispersão do capital em bolsa até quatro anos após a conclusão da venda, como o agrupamento Gateway admite vir a fazer, o Estado arrecada mais 90 milhões de euros.
Lusa