O que é uma encíclica?
O mais importante documento assinado por um Papa. É uma carta escrita pelo punho do líder máximo da Igreja Católica e dirigida a todos os bispos e aos homens “de boa vontade”. O texto oficial é escrito em latim nos “Acta Apostolicae Sedis” [Actos da Sé Apostólica], mas costuma ser publicado no jornal oficial do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, em italiano. Francisco, no entanto, prescinde do Latim. Desde o Papa Gregório XVI (1831-1846), a publicação de encíclicas tornou-se frequente em todos os papados. Por isso, através dos textos é possível acompanhar a história da Igreja e até das sociedades.
O que já se sabe sobre a nova encíclica do Papa Francisco?
Que se vai chamar “Laudato Sii” [”louvado seja”, em português]. É a primeira frase do “Cântico das criaturas” de São Francisco de Assis (1225) e consiste num agradecimento a Deus pelos dons da criação. O texto da encíclica só será conhecido na próxima quinta-feira à tarde, mas já se sabe que falará sobre ecologia natural e ecologia humana.
Quais foram as encíclicas mais importantes da história da Igreja?
A encíclica “Humanae vitae”, publicada a 25 de Julho de 1968 por Paulo VI, tem sido muito citada ultimamente, a propósito do Sínodo da Família: no texto são condenadas todas as formas de contracepção não-naturais. Mas existem outras cartas históricas. Em Março de 1979, João Paulo II escreveu “Redemptor hominis”, um texto em que é reforçado o celibato dos padres. Mais tarde, em Março de 1995, o Papa polaco publicou “Evangelium vitae”, condenando a “cultura da morte” das sociedades modernas. O texto proíbe muito especialmente o aborto e a eutanásia, bem como o uso do preservativo para contracepção. Recuando ao século XIX, encontram-se várias encíclicas polémicas, como a “Nostis et nobiscum”, de Dezembro de 1849 e em que Pio IX condenou os princípios das doutrinas comunistas e socialistas. Em 1864, com “Quanta cura”, Pio IX criticou as teorias de liberdade de culto e de imprensa e o princípio do naturalismo por, dizia, contribuírem para o afastamento da religião. Mais tarde, o Papa Leão XIII escreveu “Rerum novarum” (1891), um documento em que são explicadas as bases da doutrina social da Igreja e criticados os Estados modernos por usurparem os direitos do indivíduo. “Laudato sii” ficará para a história como a segunda encíclica de Francisco, depois de “Lumen Fidei”.
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