Na cidade das capas negras também se faz teatro

Na cidade das capas negras também se faz teatro


O Teatro Académico Gil Vicente aposta no talento dos estudantes na quarta edição da Mostra de Teatro Universitário, em Coimbra, inaugurada esta segunda-feira à noite.


Uma viagem pelas paranóias e pelos medos que afligem o ser humano é o mote para o espetáculo “Nóia”, produzido pelo Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC). Uma criação colectiva que conta com a participação de uma fornada de atores – quinze, no total – provenientes do curso de formação bienal do grupo, concluído em Maio. "Nóia" foi o exercício final que os novos membros exibiram no mês passado e que voltam esta noite a levar a palco, na abertura da quarta edição da Mostra de Teatro Universitário.

Além do CITAC, os restantes grupos universitários da cidade irão apresentar um conjunto de produções até dia 19 de Junho. Esta terça-feira, o grupo de teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, o Thíasos, entra em cena com a peça "As Rãs", do dramaturgo grego Aristófanes. No dia seguinte, é a vez do Grupo Etnográfico e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC) levar a palco "Manhã", um espectáculo que homenageia o papel da mulher na cultura popular portuguesa, com recurso a cantares e danças tradicionais.

No último dia da mostra, 19 de Junho, a Escola Superior de Educação de Coimbra apresenta "O Senhor Ninguém", baseado em fragmentos de "Histórias do Senhor Keuner" de Bertolt Brecht

Já o mais antigo grupo de teatro universitário da Europa fica, este ano, fora do cartaz. O Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra, que completa em breve 77 anos, alegou indisponibilidade do elenco do espectáculo "Apneia", que em Março esteve em exibição na sala do grupo, no edifício da Associação Académica de Coimbra, para não participar na mostra. A actual presidente do TEUC, Bárbara Pereira, explica que o grupo é constituído por estudantes que “infelizmente não podem fazer teatro a tempo inteiro" e reconhece que a mostra é "uma oportunidade única para os grupos apresentarem o seu trabalho no TAGV".

Cada espectáculo custa dois euros e tem hora marcada para as 21h30 – com excepção da encenação produzida pelo ESEC, que começa às 19h30.

A mostra deste ano conta com duas oficinas: uma de movimento e ritmo, coordenada por Cristiane Werlang, nos dias 15 e 16 e que consiste na experimentação de exercícios práticos de criação de ritmo corporal e uma segunda, de corpo poético, entre os dias 17 e 19 de Junho, a cargo do encenador barcelense Ricardo Correia, baseando-se na metodologia de Jacques Lecoq. Por fim, o TAGV será ainda palco de uma conversa com Ricardo Seiça e Mário Carvalhal, sobre a História Oral do Teatro Universitário.